Já ocorreu o meu intervalo grande. Há mais dum mês que não ocorre o intervalo pequeno por conta de me encontrar a gerir o estaminé bai mai selfe e vai daí não posso obviamente largar o estaminé às cinco da tarde e deambular durante uns quantos minutos. E estou saudosa, sim senhores, mas pronto, deixa-te estar e aguenta aí.
Distanciei-me dum casal, medrosa, não queria nada ir a par com aquela malta. Este frio, pá, é que me dá conta da cabeça. Podia ficar, mas ficar onde, no lugar que não suporto? Ora.
Deixei três coisinhas no caixote do lixo da avenida com nome telefónico, aquela onde está o senhor agente a guardar o Estado, estóico, independentemente do estado do tempo (Estado, estado, ah ah, garanto que foi sem o propósito de associar), valha-lhe uma árvore frondosa no verão. Pobrezito. E no inverno as rabanadas de vento vêm da avenida que tem nome de capital, corre velozmente por ali abaixo, um vento e outro, e cruzam-se. É o horror. É um quase-susto. Para mim é, para ele também, decerto.
Sentei-me no banco hater para escrever, o que não constitui novidade, a novidade está no teor do que escrevi. Ainda pensei, olha, vou mas é para o outro lado e sento-me defronte do poeta, mas estando ele de lado para mim, o que é um defronte enviesado. Mas não. É que é chato ir para lá e mais chato é voltar de lá, não há semáforos senão num ponto em todo o jardim, o que implica uma volta completa ao recinto. É uma questão de não ter lá muito tempo, mesmo que chame 'intervalo grande' a este período de tempo, pois é, mas também é por ser um percurso nada habitual e muito diferente do habitual. Repete lá.
Lugar da musa: montes de gente, logo: solidão. Agora que descobri isto vou esmiuçar a questiúncula até mais não. Os espaços vazios não lembram a minha solidão. Os espaços vazios. Solidão. É bom quando encontro uma resposta qualquer porque arranjei um descanso qualquer. Repete lá. Conheço-me, mal, mas conheço, não sei quem sou porque invejo e não me conheço. Descobri um apito com a tampa da caneta. Um dia reproduzo-o. A caneta está no fim. Hoje lá lhe aconteceu o cheiro da tinta no ar. Me aconteceu. É que quando escrevo muito ela cheira. Devo ter resolvido pôr a tampa na boca para acabar com o cheiro a tinta que andava pelo ar. Sei lá eu.
Um senhor com demasiadas cãs para a idade que aparentava ter estendeu-me um papel mudamente. Aceitei porque o seu semblante revelava simaptia e creio que às vezes as pessoas nestas circunstâncias não falam por estarem cansadas do mesmo ramerrão: boa-tarde; boa-tarde; boa-tarde, muito embora eu considere fulcral o cumprimento, mas aceitei o papelinho que dizia que no domingo ocorrerá uma venda de tapetes caros, não do Cairo, mas de países para aí assim, para esses lados, quero eu dizer, onde se praticarão preços a metade do preço. Repete lá. E que fazem retomas. O Mundo está um bocado mudado... Tapetes velhos como retoma. Pois. Para aquisição de novos tapetes, mas retomas. Retomas para aquisição de tapetes. Repete lá.
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