Uma coisa é eu vir para aqui contar das minhas meias de cores garridas, ai que fofinhas, ai que giras, mimimi, mimimi, mimimi. Outra coisa é sentar-me num banco de jardim frente a uma esplanada cheia de gente almoçando, sabendo eu que o mecanismo de levar o comer à boca não chega para distrair os olhos dessa gente, vai daí... Quando me sentei as calças subiram dois centímetros, revelando uns sapatos que têm seguramente centenas de quilómetros nas solas e um pedaço de meias coloridas e mimimi. Fiquei assim como que um bocado zonza com toda aquela exposição, mas adiante, quem é que ia reparar (as pessoas que não distraem os olhos com a comida enquanto comem, por exemplo...) nos meus sapatos gastos e nas minhas meias de cores infantis, ora essa, o melhor era deixar-me de merdas e descansar as pernas.
Geralmente passo despercebida. Não sendo magnética, sou, asseguro, repelente em muitas ocasiões da minha vida. E isto é tão verdade mas tão verdade que às vezes dói que se farta.
E eis que se sentaram duas gajas boas ao meu lado. Safei-me da atenção que temia e que ainda nem sequer chegara. Qual sapatos feiinhos, qual meias ridículas, qual quê. Ah ah.
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