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Façam hamburgueres de bacalhau. É bom que se farta. E fácil. De base, é haver bacalhau - cozido e lascado - e pão duro, isso não pode falhar. E o mole também safa a refeição. Do que tem de ser feito, é picá-los numa picadora, ou usar o processador com as lâminas de picar. Isto é fundamental. A receita - que retirei da revista Continente Magazine/dezembo 2016 - dizia que juntasse azeitonas pretas descaroçadas e cortadas às rodelas, ovos, alho e uma erva aromática que agora não recordo. As azeitonas, pus, mas das verdes, que era as que havia, pus efetivamente alho, já a erva, pois que me joguei ao vaso do alecrim e o piquei todinho. Não é acasalamento incrível, mas não se estava mal. Depois é moldar. Já sabem que quantidades, isto em matéria de pratos salgados, não é comigo, sei lá, é instintivo, como se pode ver pela apresentação que estou a fazer com este post. Sei lá quanto usei de bacalhau ou de pão, sei que pus ovos até achar que estava bom, três, e pronto. Não está nada pronto. O preparado que alcancei não parecia nada confiável, nada de querer aglomerar, ai que isto não vai dar, ai que faço mas é pastéis de bacalhau sem batata e com pão, ai que mesmo assim coiso. Mas não. O truque é ter a gordura onde se vai fritar bastante quente, por modo a formar uma crosta rapidamente. Depois é ter a paciência de esperar que frite e voltar quando o instinto disser que sim. Não fui eu que fritei os hamburgueres.
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Façam maionese. Há que tempos a gente quer saber fazer uma maionese com varinha mágica e com copo alto e isso assim. Um vizinho disse que era fácil. E bom. Um vizinho disse que era bom. E fácil. Este último vizinho até disse que para outras coisas não tem jeito nenhum mas para a maionese pois que sim senhores, lhe sai sempre bem. Depois de várias tentativas, umas que sim senhores e outras frustradas, e depois de várias dessas tentativas se terem revelado frustradas uma catrefada de vezes seguidas, a gente o mais que conseguiu foi um vinagrete muito mal amanhado, eis que copiei uma receita que foi publicada na revista Magazine Continente/novembro 2016, resultado final duma entrevista ao mágico Mário Daniel, que diz que faça assim:
E eu fiz. Fui realmente bem sucedida, consegui uma maionese gostosa e cremosa, e ainda encorpada, como eu gosto, isto mediante o copianço total da receita acima mostrada. Mas, numa próxima vez, junto umas gotas de sumo de limão, ou vinagre de cidra, ou então mostarda de Dijon, retiro o alho e ponho uma erva, ou ponho o alho e a erva, ou nenhum, mas acrescento, efetivamente, um ácido qualquer, porque lhe notei a falta. Agora o que eu acho é que a maionese emulsionou rapidamente por conta da clara. Como se sabe, e se não se sabe vai passar a saber-se, a clara é um alimento que espuma facilmente, logo: pumba e coiso. E das outras vezes todas tínha sido posta apenas a gema. Agora é assim: pode a maionese feita com clara ser considerada maionese? Não sei.
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Façam pão. É difícil mas fácil. Se o que conta é a intenção, pois que façam pão, um dia vão ver que o fazem, não só prazerosamente, como eficazmente. Os primeiros ficarão menos bons, pensem já nisso, mas com carinho e paciência para com vocês próprios. Costumo fazer pão com meio quilo de farinha (para pão, ah pois! é a T65), vinte gramas de fermento de padeiro tradicional (ou dez de fermento de padeiro seco), um fio de azeite e uma colher de sopa de sal. Deposito a farinha na mesa, abro-lhe um buraco e deito para lá o fermento previamente misturado numa chávena de água morna, e o azeite, já o sal é para deixar cair na parte exterior do monte de farinha, que diz que impede o fermento de ser feliz no seu trabalho. Vai daí, o mais que se pode fazer a seguir, é ir misturando lentamente o líquido com o sólido, para aí a meio de tudo misturado ter disponível outra chávena de água morna e ir adicionando até achar que sim. Pronto, o pão é uma coisa do coração, mais do que da mente (e nada do fígado!), é até acharem que está amassado, e amassem sem vergonha ou brandura durante sete ou oito minutos. Eu cá costumo deixar terminar a canção que está a tocar na Radio e deixar passar mais um tempo, sei lá, para aí meia canção ou uma série de anúncios. Levem depois a massa a levedar num sítio abafado, durante duas ou três horas. Seguidamente é meter as mãos na massa outra vez mas poucochinho. Dividam a massa, ou então não, enrolem em bolinhas, coloquem-nas no tabuleiro (muito!) enfarinhado, cubram-nas com um pano e deixem repousar mais uma meia hora. Resta-vos levar ao forno durante para aí uns vinte minutos. Agora já não resta mais nada. Ah... Qual quê, resta degustar. Ainda. E não sei se é essa a melhor parte, escolhê-la depende do coração, penso eu.
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