Agora que não estão bonitos, gosto todavia de ver os girassóis que quase galgam o muro. Gostarei eu de, não estando todavia bonitos, vê-los preparando o salto? Decerto. Gostei dos girassóis quando eram bonitos. Gosto dos girassóis secos. E bonitos, afinal: bonitos. Gosto de os ver espreitar. Não gosto de imaginar que querem sair dali e não são capazes. Gosto de perceber que eles não querem sair porque não sabem que querem sair e que não querem porque não sabem o verbo querer e o verbo saber. Desconhecem. Eles até desconhecem o verbo desconhecer. Eu até curtia estar enganada e desconhecer o que os girassóis conhecem, porque, na verdade, nem os girassóis desconhecem, porque não conhecem, nem eu conheço, porque desconheço o que eles desconhecem. Mas acho-os
todavia
bonitos.
Os meus girassóis desconhecem os verbos, mas sei que gostam de mim; fazem-me feliz. E é só por isso que eu sei que gostam de mim.
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Eles nem sabem que não sabem que tu sabes que gostam de ti.
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