No post anterior dei o mesmo título que a este por, precisamente, vir falar de fins. Sinto fins quando olho para os meus pais. É certo que já lhes pressinto os fins há alguns anos mas não eram tão fins como são agora – a minha mãe está muito doente, o meu pai está muito velho. São constatações que me deixam triste e pode esta tristeza ser uma daquelas capazes, devidas, e é até bonita. E não estou a ser irónica, estou é a lembrar-me de no outro dia ter apresentado no blogue a ideia de que é melhor que as minhas tristezas sejam tolas e infundadas, pois, não sendo, então são tristezas de que não sou a única sofredora. Mas as fotos do Alentejo, que eu bem vinha falar delas. Ora bem, há dias pus no blogue duas fotos de uma porta e de um pial. O pial encanta-me desde sempre. Dantes, nos idos anos da minha infância, todas as portas daquela rua tinham um pial, uns com um degrau, outros com dois, e, se bem me lembro, havia um com três. Divertia-me percorrer a rua para os comparar – ah este é cinzento, ah este é castanho, ah este é feio e... tcharan!, este é lindo! Se comparado com os restantes da sua espécie, o pial retratado era liso, aprumado, vistoso. Era o meu preferido. Actualmente é o único pial de toda a rua, todas as outras casas foram remodeladas e em nenhuma se manteve os piais à moda do Alentejo. Recordo também que as paredes terminavam (ou começavam, sei lá), aliás, as casas eram, e são assentes em xisto, daí que na base se visse partes dessas rochas, que lascam facilmente. Para mim eram pedras que escreviam, obviamente porque escreviam. Passava algum do meu tempo a escolher a melhor pedra, a mais pequena, a mais confortável, para escrever em outras rochas. O que escrevia não sei, talvez o nome e a data. Saio ao meu pai, e 'quem sai aos seus não degenera', lá diz o ditado. Abaixo do texto estão mais fotos, são umas que têm agora lugar no blogue. Lá pode ver-se que o meu pai tem o costume de datar tudo. E também guarda inutilidades e com elas decora os espaços. Como eu. Pois.
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