Estou na praça que não é a mai linda de Lisboa, número não sei quê, terceiro direito. É a morada – por assim dizer, claro – da cliente fora d' horas. Que se espantou com o facto de eu estar a escrever num caderno e brincou.
- Está a escrever um diário?
E eu que sim. Porque estou. E percebo que se espantem e brinquem. O meu colega, que me conhece tão bem como pessoa que escreve coisas, até acrescentou:
- Ela está sempre a escrever.
Após o espanto, a senhora revelou-nos que na altura da universidade escrevia muito mas actualmente fá-lo cada vez menos por causa do computador. Fiquei com vontade de esmiuçar a questão – como assim, por causa do computador? Hum?! Olhe eu aqui!
Mas a cliente.
Acrescentou que não quer que ninguém leia os seus diários mas não tem coragem de os queimar, embora sinta que deve fazê-lo.
- Os diários são demasiado pessoais para os meus filhos lerem. - Disse.
Concordo. É libertador escrever sem leitores à vista, um diarista de caderno vive numa espécie de inocência. Num lugar cómodo, vá. Não. Num lugar protegido. Mas recluso. O que, sob algumas perspectivas, não tem graça nenhuma. Em certa altura pensei que, por me ver escrever tantas coisas no caderno, não tardaria a perguntar-me se gosto de ler. E a gente ali no meio dos seus livros. As paredes tapadas por lombadas. E eu responderia o quê? (O costume.)
- Ah, não consigo ler... Ah, é porque escrevo. Ah, se não estou a escrever no caderno então estou a escrever as coisas na minha cabeça. Ah, sou grafómana. Ah. Ah. Ah.
Nota que me é mui necessária:
Fique então assente que deixo dezoito posts em rascunho, nove prontíssimos, nove incipientes. É este um registo de hoje, sim senhoras e senhores, mas é o comum dos meus dias.
Nota que me é mui necessária:
Fique então assente que deixo dezoito posts em rascunho, nove prontíssimos, nove incipientes. É este um registo de hoje, sim senhoras e senhores, mas é o comum dos meus dias.
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