O telemóvel do nepalês da frutaria emitia anúncios em inglês e ouvi a palavra 'pilow' metida aqui e ali. 'I want my pilow' ou 'get your pilow' ou lá que era. Ri-me da abundância e contagiei o nepalês. Presumo que ele sabe traduzir tão bem a pilow para a sua língua como eu para a minha mas, porém e contudo, presumo também que desconheça o trajecto nepalês → português e, cheia de atenções sinceras, revelei: «Em português, pilow é almofada.» Repetiu: «Al-mó-fá-dá.» Repeti, por minha vez, não só para o corrigir como para marcar na sua memória a parte fono-não-sei-quê da almofada. Repetiu, ainda, melhorando. Não é a primeira vez que lhe mostro traduções não solicitadas, nem me proponho para que tenha sido a última. Não é a primeira vez que, no seguimento de uma qualquer dianteira que eu tome, logo me ponha sozinha, tampouco aqui me proponho para que seja a última. Pus-me então sozinha e dispus-me a pensar na 'montagem' da almofada, decidindo-me por: pouso a cabeça e deixo a alma com a fada. Se pensar no pousar da cabeça para dormir, então a ideia fica a modos que com textura e sabor agradáveis. De nada, ora essa. E boa noite, já agora.
mil quatrocentos e quarenta e cinco laranjas
seiscentos e cinquenta gramas de batatas-doces
novecentos e cinco gramas de bananas
oitocentos e cinco gramas de cenouras
novecentos e cinquenta gramas de maçãs
duzentos e setenta gramas de abacate (singular, por ser um)
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