sábado, 5 de junho de 2021

Cara de parva

Vinha eu do passeio com a cadela, estreito caminho de tijolo miúdo e cinzento, vistosas papoilas a cada lado, de um desses lados a cerca metálica, do outro a ribanceira rebelde, bruta, espontânea, a meio dela a enorme pedra pigmentada de uma espécie de musgo, seco e amarelo, quando me lembrei que os filtros - aqueles filtros estúpidos que as aplicações têm e que põem as caras diferentes, mas um diferente em bom, em melhor - atenuam as imperfeições da pele, acentuam bochechas e olhos, aumentam lábios e pestanas mas não tiram o sentido do que se está dizer. Ou mesmo a ser. Não. A menos que se queira, claro, afinal quem vê ou ouve é que sabe o que quer retirar da informação advinda. Mas eu acho que a cara de parva com que estou na foto abaixo, não deixa de ser uma cara de parva, só que com filtro.

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