quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Nunca me vi

Nunca me vi com esta idade mas vi-me com 15, 20, 35, 50, 53. Com 15 vi-me porque, antes disso, achava que era uma idade do meio, um marco, uma plenitude adolescente, um planalto, um pedestal. Com 20 vi-me porque era outra dezena, porém só, e só, a segunda, daí para a frente seria todo um mundo de novidades. Com 35 vi-me porque foi a idade com que a minha mãe me teve, portanto sempre vi como meta, «aqui já eu cheguei». Com 50 vi-me porque é o topo, daqui para frente só se for a descer, por isso, pá, é agora ou então já não. Com 53 vi-me porque era 2021 e 2021 era aquela meta. E não, nunca me vi com esta idade, e isto, visto num repente, até parece que pode, ou vai, ser uma idade para tudo ou então para qualquer coisa. (Vai ser para qualquer coisa porque ser para tudo não tem jeito nenhum.)

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