Episódio anterior ao intervalo grande
Estou quase doente da tola. Sério. Não tenho rascunhos. Oh. Sou grafómana, preciso de escrever. Ó pá... Daqui a nada vou almoçar. Meio-dia e dezasseis, agora. Sim, hoje já escrevi isto tudo. Sim, tenho mais que fazer, coisas para fazer, como por exemplo as montras. Mas. Eu. Sou. Grafómana. Grafómana. Sem escrever capazmente, ok, vá, qual tenacidade, qual quê, mas grafómana.
Ah, já tenho tema!
O intervalo grande aproxima-se, não é. É. Então é assim: tenho uma carta para pôr no correio. Ora acontece que o que não faltam por aqui é estações e marcos, se bem que os marcos, pronto, não me lembro de nenhum, mas estações: há na alameda, na morais soares, na passos manuel, nas olaias, mas, cá por coisas, vou mas é enfiar a cartinha na avenida de roma.
Ah, lembrei-me: há um marco na almirante reis.
Episódio posterior ao intervalo grande
Na avenida escolhi aquele pequeno corredor que ladeia os canteiros, há lá menos gente, além de não me atrapalharem a marcha, não me atormentam a cabeça.
Sentei-me no banco hater. O banco hater é duma importância tal que se me torna impossível arranjar uma prosa inteligente para explicá-la. E também não econtro nada racional nesta paixão, lá está: a paixão nada tem de racional e inteligente, que não se procure, pois será uma procura vã. Pronto, o banco hater traz com ele somente emoção, logo: pareço uma criança, ou uma louca, ou puramente estúpida e acabou a conversa.
O homem da cafetaria parece doente da cabeça. Como eu. Quero dizer: como eu já fui e pareci doente. Diz que as pessoas reconhecem-se e sabem-se, quando se acham iguais em doenças do foro psicológico. Não estou certa disso, mas aquele homem é como eu fui, a tristeza que lhe sinto é como um lago imenso, onde não quero mergulhar.
A pedra da cruz vermelha lá estava, mas com a cruz voltada para baixo. Desceu um metro ou dois, que a chuva tem sido muita. Não pude certificar-me se era a pedra mas julgo que sim, não havia por ali mais nenhuma com aquelas dimensões e formas.
Não fui ao lugar da musa beber café. O café de lá anda a enervar-me no mau sentido. Eu preciso de espevitar os nervos para me estalarem pipocas na cabeça que depois escrevo no blogue, e isso é um bom sentido para nervos. Sim, escrevo estalos de pipocas, é assim que construo o blogue. A minha cabeça de escrevente assemelha-se a uma panela cujo fundo está repleto de grãos de milho que estalam mediante lume brando. E o café... Bom, o café bom dá-me nos nervos, produz um efeito de nervos bons, e o café no lugar da musa não anda nada bom há meses. As palavras 'anda' e 'nada' são anagrama, não é. É. É pois é, não é. É.
Sim, enfiei a carta na ranhura da Estação dos Correios da avenida de Roma, em Lisboa, pelas catorze horas e dois minutos, sensivelmente. Tu também lá estavas? A enfiar, não estavas, não senhor, que eu era pessoa única no enfiamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário