terça-feira, 29 de novembro de 2016

Término

Já que estou numa de terminar, olha, cá vai mais uma:
Tal como previra num post para aí assim algures, no passado fim-de-semana terminei de ler o livro do momento 'Um quarto que não é seu', de Alicia Giménez Bartlett. Foi bom. Sério, gostei muito. À parte a minha questão parva com a leitura, gostei mesmo muito deste livro.
Ao longo da leitura construí alguns posts onde apontei as quatro vozes que o livro me parecia ter*, e tinha-as, e também apontei o quão duvidosa** estava acerca da veracidade dos factos, ou seja: se os trechos do tipo diarista eram efetivamente retirados dos diários da cozinheira de Virginia Woolf, Nelly Boxall, e/ou dos da própria Virginia Woolf, o que vim a esclarecer – eram. Portanto: este é um livro onde a autora, não só apresentou pedaços de diários, como romanceou a partir de factos daí retirados.
Muito bom, o livro. Gostei tanto. Já tinha dito, pois é. É para se perceber que gostei mesmo, não vá eu não estar a conseguir isso.



*O livro do momento 'Um quarto que não é seu', Alicia Giménez Bartlett' tem três vozes:
a da autora, escrita na primeira pessoa, descrevendo a saga em busca da verdadeira relação que existiu entre Virginia Woolf, a escritora, e Nelly Boxall, a sua cozinheira, apoiada nos diários de ambas
a da cozinheira, assim como que escrita à pressa e sem brio: ausência de vírgulas e pontuação mal-amanhada, os textos são escritos obviamente na primeira pessoa para vincar o registo diarista, escrito pobremente para parecer uma cozinheira que tem o gosto pelas memórias
a da autora, em modo romance, idealizando, julgo eu, a relação entre as duas criadas (há uma outra, Lottie) e os patrões, estes excertos têm as vírgulas todas, ah ah, e uma pontuação excecional, ah ah, é que nem eu fazia melhor, ah ah, contém inclusive diálogos mas sempre sob o ponto de vista das criadas, é portanto uma voz escrita na terceira pessoa
Estas são as vozes, portanto é um livro algo confuso, mas bom, muito bom. |23 setembro 2016|

**E já me ia esquecendo de referir que há uma quarta voz dentro do livro que ando a ler. Há dias fiz mal as contas. (...) A quarta voz é a da cozinheira Nelly Boxall, num registo pessoal mas escrito ô puã, o que contrasta vivamente com as partes que, supostamente, foram retiradas do seu diário, tal como está escrito. Supostamente, continuo sem saber se há algo de real no livro ou é todo ele ficção. |29 setembro 2016|

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