Tinha uma biblioteca com os livros dispostos de maneira a não se ficar conhecedor do seu conteúdo, escondera as lombadas, vá-se lá saber porquê, e o que se avistava era as folhas. Isto na maioria, alguns dava para ver do que constavam, de um lembro que a lombada dizia: Portugal, o Melhor Peixe do Mundo. E olhem, se não era exactamente assim, pois paciência, e tampouco sei o autor ou vou pesquisar.
Comecei a ser assaltada por coisas para escrever. Tudo bem que estou habituada a estes assaltos, são bons, maravilhosos até, nem sei porque lhes chamei assim, mas eu não havia levado quaisquer pertences, pensei que ia só de ajuda ao carrego para o trabalho a efectuar pelo meu colega, contudo, acabei por ficar para ajudar também no resto. Como neste tipo de ajudas que dou há tempos mortos, perscrutei o espaço a ver se via alguma caneta ou papelinho deixados ali. Não sou lá muito esquisita com este tipo de material, qualquer porra me serve, logo que escreva e se deixe ser escrito, para mim está óptimo. Mas não havia, oh. Às vezes, em casa de certos clientes, vêem-se canetas e blocos por aqui e ali. Naquele caso, não que eu fosse usar as coisinhas sem consultar a senhora dona cliente do estore, nada disso - Ó dona Fernanda, olhe, posso usar? - seria assim. Mas isso era se eu as visse, porque para estar a pedir não havia coragem, seria tipo assim como algo que extrapola, e considero que extrapolar é exagerar abusivamente.
Depois parti-lhe um vaso. Pois. Só naquela de exagerar abusivamente e tal... Ná, nada disso, estava a brincar, foi mesmo um acidente. O rolo do velho estore, que o meu colega já capazmente enrolara na disposição de posteriormente o colocarmos no lixo, resvalou porque eu lhe havia dado um toquezinho, e pumba, vaso da senhora dona cliente do estore capum! no chão. Capum! para o vaso e para a armadura toda gira que, não só o segurava como fazia de ornamento à varanda. Era esse e outro igualzinho, que continuava intacto e ainda bem. Quando a senhora dona cliente do estore foi notificada do sucedido reagiu bem, não se apoquentem com isso, tá? Só que depois quem teve o trabalho de limpar a sujeira fui eu, obviamente, assim sempre me redimiria, né?
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