#antes |
#depois |
Ainda ninguém me disse:
Ah, Gina, tens uns óculos novos! E são tão giros! E ficam-te tão bem!
Excepção feita à rica filha que, quando lhos mostrei, quase se indignou, mas em bom:
Uau! Mãe, com esses até podes andar na rua!
O «até podes» resulta de algum asco que a rica filha sempre teve aos anteriores, por serem de um modelo largamente usado por um certo estereótipo. Eram baixinhos e vermelhos, davam nas vistas pra caraças. Ao escolher estes, fiz questão de me inclinar para um modelo completamente diferente, as lentes são altas e arredondadas e a armação é fina, de um padrão que, presumo eu, se chama tartaruga e tem uns laivos de um subtil azul. Ora ocorre que os lugares da armação onde pousou a tartaruga e o azul são aleatórios, e foi acontecer que por cima do olho esquerdo se veja muito azul e do direito seja toda eu modo tartaruga. Quando os vi pela primeira vez pensei:
Oh que pena, a coisa ficou mal distribuída.
Tive vontade de manifestar o meu lamento ao senhor oculista, só que não. Entretanto, e, mais do que positiva, sou criativa, logo magiquei motivo para os meus óculos serem assim como que coxos em padrão, e é então assim:
há pessoas que têm olhos de cores diferentes
pois os meus óculos são uma espécie disso
Se o motivo não é conforme com nenhuma das plausibilidades desta vida, paciência.
Ainda a novidade, mas com outra gente.
Um dia lembrei-me de perguntar ao Ângelo:
Olha lá, já reparaste que tenho uns óculos novos?
E ele:
Eh pá, não. Esses são outros?
E eu:
São. Hum, vou ali buscar os velhos, ponho-os na cara e quando tu me vires, notas a diferença vais dizer ah-Ah!
E fui e pu-los e mostrei-lhe. E ele:
ah-Ah!
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