terça-feira, 30 de abril de 2019

Quando a janela era minha eu punha-me a ver o Tejo

A minha máquina de lavar a roupa, finalmente, sucumbiu. Não digo este finalmente com júbilo ou prazer, nada disso, antes por saber que o finalmente existiria. Então, devido à infeliz ocorrência, tenho caminhado rumo à Picheleira no sentido de me pôr a par com a roupa lavada e deixar de ter parte com a suja. Nessa morada há uma máquina de lavar roupa que por ora não é utilizada e eu vai disto, que os donos jamais se importariam com o seu uso, embora eu tenha pedido autorização. Chego com ela, a roupa, suja, ponho a lavar, venho trabalhar, vou lá buscá-la lavada e molhada e vou para casa para a estender. É, este é um dos posts mais lindos que escrevi até hoje, é que não se aguenta a criatividade, o saber... Mas o Tejo. Dantes, quando a minha morada era aquela, chegada a casa abria as portadas e punha-me à janela das traseiras a mirar o Tejo. Eram escassos instantes, mas limpadores da minha alma ainda jovem. A água mudava de cor conforme a hora e a luminosidade, pois claro, e era daí que vinha a novidade a cada dia. Para mais graça dar a esta história toda, incumbo-me de vos dizer que o lugar onde anteriormente morei nada tinha de Tejo. Nada. Havia um rio, sim, que às vezes visitava, sim, mas qual largueza do Tejo, qual quê. O riozito foi o! Mundo na minha infância, pois foi, mas o Tejo hoje é! o Universo. Por falar nisto tudo, há anos que não avisto o riozito. Hum. Havia lá agrião, crescia espontaneamente. E libelinhas de lindas cores e a parecerem helicópteros a planar. E lodo, tanto lodo, andar descalça por sobre as pedras era um perigo iminente. Uma vez caí à água mas foi só uma coisa de pernas.

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