Ultimamente tenho as vontades a baixo nível, tanto que até o escrever tem acabado. Ainda assim persisto na engorda deste blogue, pois, se não escrever, morro. Posso estar a dramatizar, tudo bem, mas não estou a exagerar – não escrever é morte iminente. Nas últimas semanas tenho escrito muito no meu caderno, talvez numa espécie de contraponto para com o blogue, sei lá, mas sei que é positivo pelo libertador que pode ser escrever sem ser lida, por outro lado, é mais solitário. Ainda mais solitário, quero eu dizer.
Sonhei que a sopa se me acabara na panela. No sonho eu sabia tanto quanto sei agora, e que é real, a sopa tinha sido feita no dia anterior, como então ter acabado num só dia? Acabou somente no sonho, claro.
Avistei um chapéu-de-chuva vermelho. Tinha sido deixado num degrau de uma escadaria, possivelmente por se encontrar com as varetas retorcidas e o fecho estragado, quem é que permanece com um chapéu imprestável nas mãos, né? Em pensamentos vi uma foto com o chapéu feito de um vermelho muito vivo, a contrastar com o escuro das escadas, que estão enegrecidas, não só pelo tempo que têm como por se encontrar num lugar que nunca está ao sol. Poderia ir até lá, de máquina na mão, escolher o filtro que exponencia o vermelho e vai daí era clicar e fazer a vida acontecer. Mas não havia tempo para isso. Nem sempre posso fazer o que quero.
A chuva. Este pedacinho de texto, sendo post único, chamar-se-ia 'A chuva'. De maneiras que, tendo já escrito 'A chuva' três vezes, a contar com esta, é certo que vou falar da chuva. Está-se a ver quão perita sou em estender um ponto desinteressante. É assim, 'migos, ser grafómana não é só belamente poético e acabou. Não. Na verdade jamais foi ou será, eu é que me convenço disso, pois, quando não, sucumbo ou algo dentro desse género. Bom, vamos mas é à chuva. A chuva é bonita e boa e útil todo o ano, contudo, em Abril, abrilhanta a paisagem. Se em Outubro a luz nos morre mediante a chuva e tudo indica que o tempo de luz diminuirá à razão de um minuto ou dois em cada dia até ao Natal, em Abril é o que disse acima, abrilhanta, e abrilhanta tudo, e tudo é paisagem, já eu havia dito, ademais é o crescente dos dias, estes dias de Abril.
Devedido na oralidade é dividido na escrita
A pessoa disse devedido por uma questão de pronúncia, posso presumir
A pessoa escreverá dividido, se munida de papel e lápis, posso presumir que decerto
O morango, segundo li ou ouvi algures, é o único fruto que tem as sementes do lado de fora, as quais ferem o céu da boca, relembrei eu recentemente, por ter tido morangos em dois lanchinhos seguidos. Se há coisa que não devia sair da minha vida é morangos. Morangos, laranjas e café. Que não se me acabem, por favor. Em criança, não sabia qual o fruto preferido, ficava sempre entre estes dois, hoje sei que a laranja é o que gosto mais, claramente aquando do seu tempo, que é no Inverno.
Um cliente proferiu a seguinte frase:
Eh pá, uma mulher a tomar conta desta maquinaria toda...
A maquinaria a que se referiu é uma fila de máquinas que duplicam chaves e que estão à vista dos clientes e de qualquer um, o que não era possível no velho estaminé. Não é nada do outro mundo, digo a maquinaria, é mesmo deste, só que há pessoas que comentam espontaneamente as suas conclusões. Eu cá, e neste caso, fiquei curiosa com o comentário porque não descortinei o que o despoletou - se encanto, surpresa, dúvida - e era, no mínimo, tolice pedir esclarecimento.
Agora vai-se a ver e se os carros param no semáforo da avenida, calhando ser daqueles que lhes pára o motor se em ponto morto, ademais houver pouco trânsito, ser cedo, ou então tarde, eis que a avenida se põe silenciosa que eu sei lá. É um costume dos dias actuais, isto.
Sei qual é o destino das próximas férias mas não sei o itinerário.
A pessoa... ai perdão, as pessoas, vão de Loures em direção a Barcelona, viram antes para se posicionarem mais à esquerda, hão-de passar junto a Lyon, só por dizer que não sei se daí é que as pessoas se posicionam à esquerda, sobem a Paris ou lá perto, já estou confusa, sobem e sobem e sobem, entram na Bélgica para comer coisas fixes – até lá também comem, pois claro! - e descobrem a Holanda. Já agora, né? Atão ali tão chegadinho e não se dá um saltinho, não?
Pronto, basicamente é isto. Eu depois mostro fotos e textos. Talvez menos textos que fotos, mas vá. Vou na mesma. Ah, e ainda falta um tiquinho de tempo para tudo isto acontecer àquelas duas pessoas, eu é que já ando a sonhar.
Se eu desse o cartão do Ginásio à senhora do Banco ela não poderia fazer o que faz habitualmente. O que ela faria era sacar-me o nif e partiríamos daí para a nossa relação, mais curta que comprida e nada profunda. A senhora do Banco tem um tique que muito lhe aprecio por o não ter visto ainda em ninguém. Levanta os braços, flecte e entesa os dedos das mãos e levanta o cabelo nas laterais. Digamos que faz ali um realce nas madeixas que, no seu caso, tendem a ficar escorridas.
Fui ver umas quantas roupinhas mas não comprei nenhuma. Ainda estive vai não vai com uma mas desisti por uma questão de padrão, que era riscas brancas e fininhas a formar quadrados por sobre azul-escuro. Gostei do sentir e do assentar da camisa, mas desisti pela cor, era muito escura, conjugar aquela peça com calças pretas ia fazer-me parecer estar aquela fase em que os enlutados começam a aliviar o luto. Se no lugar do azul-escuro fosse branco e no lugar do branco, preto, é que era. Ou então vermelho ao invés de azul-escuro e branco nas risquinhas. Enfim, vidas tristes, é o que é.
Sem comentários:
Enviar um comentário