Pensar que eram treze e tal e afinal serem catorze e picos fez-me pensar que errei por pouco. Em casos destes há errar em quantidade – pouco, muito, assim-assim e afora. Estive sentada no muro de pedra, à ponta, o mais perto possível do mais grosso plátano que conheço em Lisboa.
Antes que me esqueça,
deixo já escrito que,
pois claro,
Fico contente, sei lá eu o que aconteceu realmente mas fico na mesma, e, como tal, posso pensar que aconteceu alguém ver o livro, levá-lo e, se não lê-lo para já, ai a porra das vírgulas, que seja para depois. Posso imaginar assim.
Na outra ponta do muro estava um homem sentado. Quando me cruzei com ele havia-o notado estranhamente quieto. No momento de rabiscar estas circunstâncias no meu caderno, acordei comigo mesma que às tantas ele estava a observar a área ou a meditar. Mas, estando nesta última, o pobre estaria com dificuldade nisso, ao momento havia um buzinão pelas imediações.
Guardei o caderno e a caneta e levantei-me. Olhei para o homem e vi que escrevia num caderno de capa preta. Hum, afinal, ó:
«no mais comum dos meus dias de grafomania está uma espécie de desespero pela falta de gente parecida comigo»
Era canhoto.
Quando era criança queria ser canhota porque achava o máximo obterem-se os mesmos resultados com a mão contrária. E era precisamente por eu não conseguir obtê-los que achava o máximo os canhotos conseguirem.
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