"Isto" sou eu a pensar:
Há uma imagem na minha cabeça quase desde sempre. Imagino-me a espreitar algo sem que me vejam, como se não fizesse parte do mundo em que vivo, como se não pudesse fazer parte dele por tudo me estar vedado e interdito. Porque me imagino só a espreitar o mundo e a não fazer parte dele? Suponho que seja porque ainda o vejo como algo inatingível, como se tudo o que me dá prazer seja, só por isso, mau. Não tenho espaço para deleites. Não posso desfrutar das coisas verdadeiramente boas porque as coisas boas são proibidas e ilícitas. A conclusão que tiro é que este sentimento é uma espécie de culpa por me sentir bem, uma culpa que não deveria sequer existir porque não tem razão de ser.
E pergunto-me se isto em que me transformei será bom. Ou por outra, se isto será transformação pelas experiências vividas ou simples revelação daquilo que realmente sou. Talvez tenha atingido um grau de maturação ideal para este dia e hoje não tenho vergonha do que sou e do que sinto. Ou então eu sempre fui assim mas não me tinha revelado. Poderá ser isso.
Demasiados avisos e demasiadas reprimendas: "não mexas aqui", "não brinques com fulano", "não digas", "não chores", "não sejas assim", "não faças", não sintas dessa maneira", "não está bem", "cala-te", "não podes"... Adquiri o hábito de achar que estou sempre errada. Estou convencida de que está sempre tudo mal em mim. Sempre fora de tom, de compasso e de contexto. A minha maneira de ser e de sentir não deveria ser esta e nunca estou alinhada com nada nem com ninguém. Sou sempre questionável e estou sempre à parte. E agora dei nisto.
Hoje estou liberta de ideias concebidas por outras cabeças. Estou por minha conta e não tenho máscaras. E então em que é que fico? É bom ou é mau? Não querendo repetir-me mas repetindo-me na mesma: estou optimamente mal assim como estou... é isso.
É bom. Muito, muito bom.
*Porra, estou tãããããããããão diferente!
👀
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