A pessoa viu-se obrigada a deixar molhar as beiras das meias porquanto as botas estão usadas e deixam passar pelas biqueiras toda a gente que vem húmida. A pessoa foi à pedicure e toca de passar parte do dia sem meias porquanto esquecera em casa um par de meias lavado, e havia lá tantos. A pessoa anda com ténis e não descalça, é certo, mas sem meias por entre esses e os pés. O horror. A pessoa sente um desconforto tal que o melhor é ir comprar umas meiinhas.
A pessoa já chegou das compras. As meiinhas têm folhinhas cor-de-laranja a lembrar um outono vindouro e mais uns arabescos que a pessoa não percebe que raio é, será, ou será que é. Já sabe!, a pessoa já sabe: são arabescos indizíveis. A pessoa calçou as meiinhas, confortavelmente sentada num dos bancos da rua mais bonita de Lisboa, nomeadamente: a pessoa sentou-se naquele banco que é o segundo que encontra quem desce a rua (mais bonita de Lisboa).
A pessoa quer ainda dizer que a pessoa também comprou laranjas, precisamente: mil quinhentos e dez gramas. A pessoa está com imensa vontade de dizer ao mundo que por junto trouxe trezentos e dez gramas de cebolas roxas, seiscentos e vinte gramas de maçã gala e seiscentos e sessenta e cinco gramas de abacates.
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