Já entrei num centro comercial. O segurança, mal me avistou, pôs-se logo a jeito de me interpelar com a perguntinha 'onde pretende ir?', não antes 'boa tarde', saudação que foi proferida simpaticamente. Respondi também em bom e fui mandada 'então faça favor'. O que eu ia fazer era uma marcação, que, a bem dizer, é uma questão do foro pessoal mas perfeitamente transmissível, quantas vezes não me chega ao estaminé a empregada doméstica da dona Genoveva para marcar serviços ao domicílio. Ora acontece que hoje fui lá, concretizar a marcação. 'Ah, pode sentar aí' - orientou a menina - mas antes pediu para eu desinfectar as minhas mãos. Obedeci rapidamente mas entretanto percebi que tinha os óculos apoiados na cabeça e aí iam estorvar o serviço, de maneiras que me amanhei como pude, isto em jeitos de não infectar lá muito as mãos. Sim, bem sei que podia arrumar os óculos calmamente, seguidamente desinfectaria as mãos uma segunda vez, mas vi a menina à minha espera e deu-me nervos. Então o que fiz foi: enfiar a haste dos óculos na alça da minha mochila, pousá-la e perceber que as lentes estavam a roçar a parede rugosa, ficar descontente com isso mas deixar ficar, alçar o pé para me apoiar na barra da cadeira destinada precisamente ao poiso dos pés, pontapear o caixote do lixo, que rodou e caiu porque o lixo dali é leve leve levezinho. Enquanto o recolocava em pé, desculpei-me ironicamente: 'Normalmente não sou assim tão desastrada, sabe?' A menina sorriu e, por sua vez, desculpou-me: 'Ah, isso é por conta da quarentena, estamos desabituados das coisas.' E eu concordei ao contrário: 'É isso, é.'
Depois estive a ser castigada por esta menina, tipo assim ali ao nível do nariz, e passei todo esse tempo imbuída de um sentimento chamado complacência.
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