sábado, 5 de setembro de 2020

Loures, 5 de Setembro de 2020

A rica filha faz hoje anos, 29, que não são os que eu tinha quando ela nasceu. Mas, há dias pus-me a pensar e concluí que são os anos que eu tinha quando o mano tinha a idade que ela tinha quando ele nasceu - 3. Adoro números, eu. Também. Pois. Se no post do mano (link acima) falei de parecenças que a gente os dois tem, neste não venho falar de parecenças que da gente as duas tenhamos. Entrei no blogue e escolhi um post de que gostei, simplesmente. Mas antes registo duas situações actuais e que, na verdade, são de hoje:
uma
agora que atingiu os 29 diz que já não pode deixar para depois que os cremes de rosto contenham FPS - Factor de Proteção Solar
duas
como lhe contei que notei o meu primeiro cabelo branco aos 29, diz que a partir de hoje vai inspecionar a cabeleira diariamente
E pronto, embora lá ao post repescado, o qual, tal como o que escolhi para o rico filho, é de quando ela tinha 20 anos:

A rica filha passou um dia desta semana comigo. Diz que já não se lembrava como era estar na loja (nota actual: leia-se velho estaminé), que é muito divertido aquilo ali e que lhe dá vontade de falar sozinha porque há coisas giras.
Vai ver a avó mas antes telefonou, e enquanto digitou o número lembrou que o sabe de cor desde os quatro anos (já morámos naquela casa, a bem dizer a rica filha nasceu lá).
– Se eu me perdesse saberiam a quem me entregar. Não era uma criança adorável, mãe? - Perguntou ela, brincalhona.
– Eras, claro.
Umas horas depois entrou um cliente que queria comprar «ratoeiras para ratos, que aqueles filhos da puta andam por lá a comer, os cabrões». Depois foi ainda um pouquito exaustivo perguntando o preço uma data de vezes, a seguir a cada preço que eu dizia voltava à mesma ladainha.
Quando ele saiu, virei-me para a rica filha:
- Estás a ver porque é que eu tenho sempre coisas para escrever?
- Sim, mãe, estou a ver porque é que tens cento e tal posts por mês...
⸻ 
Almoçámos e depois foi comigo passear.
- Ah, este prédio está tão bonito, mãe!
- Pois está, ainda há pessoas que fazem coisas giras...
Descansámos num banco de jardim.
- Estás a ver aquela janelinha ali com umas grades?
Olhou na direção que eu apontava com o dedo.
- Sim.
- Daqui a pouco vais estar a espreitar de lá e a ver isto aqui.
- Sério?!
- Sério.
Caminhámos para lá, tinha de entregar um recibo num cliente. Entrámos no prédio em questão, atravessámos o hall e subimos um lance de escadas:
- Espreita aí.
Dito e feito!
Na livraria percorremos as bancas em busca de nada. Reparei num livro (de que não recordo o nome) que me pareceu muito semelhante à familiar escrita de blogger. Referi isso mesmo não sem uma ponta de inveja na voz, que hoje só não publica a porcaria dum livro quem não quer. E olhem só o conselho dela:
- Mãe, fazes assim: escreves duas ou três histórias pequenas e envias para algumas editoras, arriscas-te a ouvires ‘nãos’ mas ficam a conhecer a tua escrita, que o que tu fazes bem são crónicas… Mãe, desculpa, não estou a dizer que não escreves bem outras coisas, mas é que tu és cronista, e depois convidam-te para escreveres para um jornal!

10 setembro 2011

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