Vi no Instagram um post da escritora Isabel Stilwell acerca de um dos seus livros algo que transcrevo.
«O Natal da rainha D. Amélia foi marcado por uma tragédia.
No dia 14 de dezembro nascia a sua (única) filha, a infanta D. Maria Ana. Mas o bebé não sobreviveu, e a rainha mergulhou num desânimo profundo, de que levou muito tempo a recuperar. Teve sempre a certeza, e os médicos também, que foi o pânico provocado por um incêndio a meio da noite nos aposentos de D. Luís Filipe, de que o príncipe foi salvo in extremis que desencadeou o parto antes de tempo.
Sempre que visito o panteão dos Braganças em São Vicente, e vejo o túmulo das crianças, recordo-me que o luto dos pais, a dor de uma mãe, é tão doloroso ontem, como é hoje.
É tão fácil aqueles que estão à volta nem darem pelo efeito que as datas, as festas, o Natal têm sobre estas mulheres, esquecerem-se de mencionar o nome do bebé perdido, ou não o quererem pronunciar na ilusão de que vão acordar um sofrimento já 'arrumado'.
Mas uma mãe nunca arruma, e o silêncio dos outros magoa.»
De modo nenhum quero comparar a dor de perder um filho à de perder pais que estão em idade expectável para tal, ora essa, qual quê, mas o silêncio que consta neste trecho lembrou-me que, se por um lado é um alívio não ter que lidar com o interesse das pessoas no sentido de saberem que é feito dos meus pais, por outro, e precisamente porque ninguém me vai perguntar por eles, extingue-se a possibilidade de se tornar conhecido quão fantásticos e especiais (me) eram.
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