terça-feira, 14 de maio de 2019

Encontros nas imediações

1
Encontrei a dona Genoveva na rua e meti-me com ela. Ia de cores garridas vestida, para mais: brincos que condiziam com mala, mala que condizia com camisola, camisola que condizia com cinto... Pronto, coisas assim. Elogiei-lhe o cuidado de se mostrar tão condizente, uma vez que ela se me estava a queixar disto e daquilo, da solidão e doença. Respondeu-me sem demora que, esteja como estiver no espírito, jamais sairá de casa mal amanhada. No fim agradeceu-me o bocadinho que lhe proporcionei, o que é seu costume, que se não duvide disso.
2
Encontrei a dona Genoveva na rua e meti-me com ela. Notei que estava vestida de escuro. Aliás: de muito escuro. A sua atenção estava toda virada para a via de circulação automóvel. Cuidei que esperava táxi ou boleia. Daí alvitro que morrera alguém próximo. Mesmo que amigo, e não familiar, é próximo, não é? Quase não falámos, não passámos de olás e bons-dias.
3
Encontrei a dona Genoveva na rua e meti-me com ela. Pareceu-me alegre quando concluiu 'parece que estamos combinadas, a hora é mais ou menos a mesma' e eu concordei 'pois é' alegremente.

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