Estou no consultório. Logo que entrei olalei o senhor doutor com entusiasmo e senti-me estranha por conta do tanto entusiasmo que foi. Ele recolheu-se para terminar de atender o paciente da hora (capazmente, como é aliás seu costume, de maneiras que não me surpreende) e eu fiquei aqui, na sala de espera, a moderar este meu estado descontente. Será bem melhor mudar o registo, daqui a pouco estou ali, com a secretária desaparafusada pelo meio da gente os dois, acabrunhada devido ao meu desempenho vocabular.
Nesta sala há um elefante dourado com uma pessoa lá em cima, que é vermelha no corpo, ou na vestimenta, e dourada na cabeça. Tem um turbante, ou lá que é aquilo. Daqui não vejo bem. Mas deve ser isso. Já caminho de cabeça levantada. Há pouco voltei a notar isso, é coisa que tenho vindo a reparar. É claro que nem sempre estou este poço de autoestima, mas. Lá dentro ouço a voz suave do senhor doutor, tem um sotaque incrivelmente bonito. Na verdade eu gosto dos sotaques todos, Norte a Sul e Ilhas. É tudo giro, não sou lá muito esquisita. A ver se lhes pára a conversa, que daqui a pouco não tenho folhas no caderno. Espaçada como é a minha caligrafia, é o que estou a prever. Parece que já estão a despedir-se. Vou parar.
O texto acima foi rabiscado em nove de Maio último, no caderno que me ofereceu a rica filha aquando do meu último aniversário. É, acabou-se-me as linhas para lá rabiscar coisas. Expliquei como é o dito caderno neste post.
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