Lisboa, 10 de Julho de 2019, último dia com 50 anos
Antes de mais, explicar isto. Algures no passado estipulei que durante dois dias construiria um diário, id est, o dia antes e o dia depois do meu aniversário. Chegou então a data de tão importante evento.
Estive há pouco na Carminho a tratar de umas questões muito dadas a belas serem. Sentada no trono, olhei para a avenida e apareceram automóveis no meu campo de visão, que subiam. Aquilo fez-me esquisita, então mas ali não é para os ditos descerem...? Mau maria. Querem ver que estou outra vez atravessada por espelhos que se contradizem? Inspecionei a janela para ver se era espelhada ou coisa assim. Não era. Estava escancarada, a nitidez era mais que muita. E foi então que percebi que a perspectiva que eu tinha na frente não era a mesma que eu estava a imaginar. - Sim, eu imagino perspectivas e cenas e diálogos e pessoas, às vezes tenho um bocado a mania. - Vai daí assentei a cabeça e aceitei que não tinha razão no imaginário – foi uma epifania, vá, vá que isso é giro – e notei que a entrada do prédio onde me encontrava é recuada, o que faz as casas recuarem, o que faz com que dali se aviste a subida da avenida ao invés da descida. Subidas e descidas são invéses de sis, percebi eu neste repente.
Sabem que no outro dia revi duas das septuagenárias? Não sabem, né? Pois. Mas eu gosto de vocês na mesma. E sim, revi-as, recordando assim toda uma época da minha vida em que frequentava o lugar da musa. Lembram-se do lugar da musa? Ah, ora essa, se não se lembram eu gosto de vocês na mesma. Estão iguais, as septuagenárias. Foi a da novela e a da camisola, as que revi. A da novela é toda rebitesa, a da camisola parece contentinha. Notem bem: uma é e a outra parece. Incrível como nem sempre as pessoas demonstram o que são por dentro. Pelo menos não rapidamente. E pode até a rebitesa ser uma mole e a contentinha uma triste, se em situações diferentes, se em vez de estarem numa badalada esplanada da avenida estivessem na mesa de um café situado numa rua pobre e escondida. Poderiam ser diferentes. Acho.
Tenho umas saudades do caraças da árvore amarela. Sério. Já não vai ser com 50 anos que a vou visitar. Há para aí duas semanas que a revi e achei-a um bocado estranha, como se o seu famoso cotovelo tivesse mudado de rumo e de cotovelo tivesse agora menos em aspecto disso. Ainda me lembrei de ir pesquisar a última fotografia que lhe tirei para comparar mas entretanto tenho-me esquecido. Se calhar, essas diferenças aconteceram por conta dos ramos que lhe cortaram aqui há atrasado e, agora que o Verão entrou, nota-se-lhe coisas. Sei lá, parecia que o cotovelo estava nu. Não parecia, estava mesmo, só por dizer que podia já estar assim e eu não ter dado por isso.
Este post está a ser construído com base em circunstâncias com dias de acontecidas e ou pensadas. Não era isto que tinha idealizado para este post mas paciência, afinal um diário é composto pelo que subir ao pensamento no momento. Ou descer. Se calhar desce mas é. A musa desce e tal... Dizem. O lugar da musa (lá vou eu para o passado) não existe agora. Já lá não vou há que tempos. Obviamente não é por isso que vou deixar de escrever, afinal a vontade é à parte de lugares, para a pessoa que escreve neste blogue tanto faz onde está.
Sua majestade manda dizer-vos que 'está cá uma brasa! puxa!' Ao menos isto é deste dia. Não mandou nada, que é lá isso, só que coincidiu o desabafo dele com a engorda deste post.
Agora venho falar-vos do futuro. E agora falo eu. Devia arranjar coragem para que na próxima consulta pudesse conseguir (olha só a construção da frase, confusa que está) pedir ao senhor doutor que não pusesse a música em som de fundo porque gosto mais de ouvir os sons, tanto os de fora como os de dentro. A parte social da vida é uma merda. A música entristece-me, a verdade é essa, mas não posso dizer isto a ninguém. Ou não convém ou é desaconselhado ou vou por minha vez entristecer alguém com as minhas sinceridades despojadas de bom senso e completamente impreparadas. Oh ca porra. No blogue é igual, há sempre cuidados a ter para não ofender e ou assustar, mesmo estando longe dessa intenção. É tal e qual como a vida no presencial e no social, há normas comportamentais, nunca se é inteiramente livre. É certo que para uns é de uma maneira e para outros de outra, mas não somos livres. Há também o esperável, o que para mim é do mais castrador que há.
Pá, assim tipo de resto e coiso... Olhem, o dia vai a dois terços, já não terei assim tanto tempo para pôr as ideias ao fresco, contudo cá estou. Já agora, uma coisinha, sempre que me ponho a escrever e a escrever, conseguindo assim um post enorme, tendo a alcançar um certo estado de pureza. Para já, porque escrever muito me faz muito escrever e o texto cresce e cresce, para depois, um post comprido aborrece a maioria das pessoas e assim dificilmente alguém chega ao fim ou quase ao fim, o que faz com que sinta coragem de expor coisas que num post pequeno não exporia. Escrever algumas coisas (obviamente falo das que habitualmente não escrevo) ser-me-ia benéfico, desabafaria, o que me aliviaria, ademais a sensação que tenho de que vou ser ouvida é animadora. E não é pouco. Normalmente é isto o que acontece.
Bom, hoje estou fartinha de escrever e é bem provável que amanhã o despacho que darei à escrita não seja tão frutífero.
Loures, 11 de Julho de 2019, primeiro dia com 51 anos
E já cá estou! 51. Ena. Agora tenho que ir ao supermercado comprar coisinhas muito boas. Ah, espera lá, então e a piada dos 15? Não são 51,são 25... Ai perdão, 15.
São agora duas da tarde. Fui ao supermercado mas, como o intervalo entre visitas alargou, as faltas eram mais e maiores, acrescendo ainda o jantar especial para mais logo, resultando tudo isto numa demora maior por lá. Chegada a casa e a postos para arrumar as compras, deparei-me com um frigorífico vazio e sujo. Nada melhor do que passar o paninho em todas as prateleiras quando há tão poucos géneros, né? Preparei a água e pus-me a esfregar. Nada de mais, só tipo assim coiso, que as compras aqueciam nos sacos e havia ainda coisas a aquecer dentro do carro. A propósito, está um calor que não se pode.
Entretanto não sei o que vestir. De manhã tinha-me posto a ver das saias, que isto de andar sempre de mota leva-me a desperdiçar o seu uso, e hoje podia dar vazão às saudades, e lembrei-me de uma amarela que era capaz de ficar bem com a blusinha que comprei para estrear neste dia e mais não sei o quê. Levando em conta aquilo dos quilos, acontece que o cós da saia não se mantém na cintura, descendo mais que muito. Pois. Estava eu a pensar ah e tal aquela saia é tão gira e com o feitio que tem é capaz de coiso. Mas não. Pronto, tenho que me render às calças e acompanhá-las com a blusinha. Sim, bem sei, a minha vida é cheia de problemas.
Outro ganda próblâme é que masqueceu de comprar velas. Aconteceu porém e contudo que tive uma ideia excelente mas nem por isso bonita. Aqui em casa, procurei por velas de aniversário, daquelas piriris, e encontrei umas quantas dentro de um frasquinho cá dos meus. Idealizei logo que desenharia um 51 com elas. Portanto: desenhar, desenhei, só que não se nota que é esse número, parece simplesmente uma quantidade de velas espetadas sem assunto nenhum, ao acaso da vontade desta que escreve. Tenho até fotografia para verdes como é e está.
Hum-hum. Isso. as velas tombaram. Notem bem: enquanto eu escrevia sábia e diligentemente o parágrafo acima, eis que tombaram. Torres de tombo. Velas de tombo. Cá pra mim inda tavó bolo quente e amoleceu-as. Ai. Qual 51, qual quê. Só mesmo na idade, que no bolo não. Mas olhem que o dia está a correr-me bem, hoje ainda não deixei pegar fogo a nada e no outro dia foi um guardanapo que se me incendiou por tê-lo deixado muito perto da chama do fogão. Ainda tenho que o ir lavar. E eu que tinha pensado: ai ó pá, se calhar inda vou ter tempo de adiantar já a limpeza do fim-de-semana. Mas não. Não vai dar, a menos que não escreva estes supremos interesses no blogue. E está portanto a ver-se qual a escolha que fiz, né? Tenho que ir passear o cão.
São agora altas horas da noite. Entretano já não pude vir para aqui arejar as ideias. De momento está a dar-me vontade de amanhã escrever o rescaldo destes dias e ou tudo quanto não pude escrever e ou então as coisinhazinhas do costume. Boa noite. Até amanhã.
Então e o bolo? Não se sopra as velas? Não se parte? Não se come? É que está mesmo apetitoso... :))
ResponderEliminarParabéns, Gina!
Já se fez tudo isso luisa.
EliminarObrigada 😉
Para os Bens, Gina :)*
ResponderEliminarPara os Bens, mesmo 😉
EliminarAgradecida 😘
parabéns, Gina!
ResponderEliminarObrigada flor 🌸
EliminarGina, Feliz Ano Novo! :)
ResponderEliminarObrigada, Té. E é mesmo um Novo Ano 😘
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