segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Quarto

Quarto quatro. 4, ah ah. Quarto de século, 25, a idade que a rica filha completa hoje. Sim, eu tenho uma filha com 25 anos. Um quarto de século, como ela própria diz, como eu própria disse há 23 anos, imitando, neste caso eu, a expressão que ouvira a alguém muito próximo uns 6 anos antes. A rica filha merecia um post diferente deste para registar o seu aniversário, mas olha, pumba e coiso. Ah, espera lá, vou mas é buscar uma questão das dela, uma assim como que adulta, como fiz com o post do rico filho, aquando do seu aniversário. Copio então uma questão - sei lá se muito adulta da rica filha, se muito idosa de mim - ó:


«Eu que não chore no lugar da musa, antes guarde as lágrimas, por exemplo, para a senhora do Banco, que é pessoa capaz de as notar e nada dizer. Eu que deixe as tais cadeiras transparentes, que por o serem deixam passar assuntos. Há uma filha sexagenária e uma mãe octogenária que comem cada uma seu cone de gelado. A filha faz papel de mãe. É assim a vida, ao fim dumas décadas os papéis invertem-se. Afirmação corriqueira, já sei, mas.
Às vezes vislumbro o meu futuro enquanto mãe duma filha, já noto a rica filha no papel de minha mãe e noto, também, que me revejo nela e não é só fisicamente, não, há tiques e expressões que me foi buscar. Não mos tirou. Não me imitou. Nada disso. Foi-mos buscar.
«Pronto, já lavei a tromba» anuncia ela, no fim de lavar a cara com esmero, e acrescenta «como diz a minha mãe». Eu sou assim: uma besta. A rica filha (ainda) não.»

Sem comentários:

Enviar um comentário