A areia apresenta vestígios de pingos de chuva, esparsos, e apenas uma fina camada de areia está quente, logo que os pés afundam, sinto o fresco.
O tractor passou. Na bisga. Isto: se é que é possível bisga num tractor, mas a sensação que tenho é essa.
Entretanto pus-me a ver derrocadas ao milímetro. Os grãos de areia, ao receberem o calor do sol, escorregam. Se bem entendi esta ciência, foi isso o que aconteceu, o calor seca e a humidade é o que os mantém unidos.
A praia está deserta, há uma pessoa ou outra que passa mas, de ficar na praia, não está cá mais ninguém.
Tenho feito vários filmes em lapso de tempo, a 16 por 1. Quer isto dizer que em cada 16 segundos só 1 é visível no filme. Agora já não me ponho com gestos rápidos, mas até aqui era esse o impulso que sentia. Mas não, é precisamente o contrário, quanto mais lentamente me mover mais pedaços desses movimentos são captados e mais nítida e presente será a mensagem. As tais derrocadas ao milímetro também ficavam bem num filme com lapsos de tempo, mas quedar (ui, estou a ficar tão espanhola...) o telefone num pedaço de areia revolta seria difícil.
Há três quadros na parede. Nada de obras primas, ou outras obras, são meros desenhos fotocopiados à descarada, com o único propósito de preencher, avivar.
Um é de papoilas, tem três inteiras e três cabecinhas. A mim parece mesmo cabecinhas, às quais já cairam as pétalas, e não botões por desabrochar.
Outro é girassóis... Não sendo uma informação transparente, aposto nos girassóis, enormíssimo meio para pétalas estreitas, comum disparidade nos girassóis.
O outro é nãosseis, pues que no lo sei, sei lá, para mim pode ser qualquer flor das por mim desconhecidas.
Hasta la vista, sereno e cálido Mediterrâneo. Um dia torno.
Algures, mais precisamente en la carretera Sevilla - Costa del Sol, ao quilómetro 62, bebi um café que fez um montão de coisas boas na minha vida.
Algures, mais precisamente em Cortegana, entrei num supermercado. Era espaçoso, limpo e apetrechado como tenho visto poucos nas minhas deambulações mundo afora. Comprei presunto não sei quê, queijo não sei de onde, sumo de laranja natural, tarte de frango e coisas, pão espanhol já fatiado e bolos típicos da zona, aqueles de anis.
Algures, na fronteira - Rosal de la Frontera, lado de nuestros hermanos, Vila Verde de Ficalho, lado destes que são manos daqueles - notei uma vez mais que a avenida principal se chama de Portugal, o que é giro, já que temos Portugal ali tão perto, embora estejamos ainda em Espanha, e fiquei outra vez curiosa de saber se Vila Verde de Ficalho terá pago a atenção na mesma moeda, Avenida de Espanha existirá por lá? Google Maps, bem sei, lá está decerto a resposta. Ou acessar o centro da vila por mim mesma, já que a estrada principal não segue por lá.
Algures, antes disto tudo, num posto de abastecimento, saquei do telefone para tirar uma fotografia a uma série de postes com bandeiras, onde estava a de Portugal. Com o meu giríssimo - ó pá tóin xiru! - a gritar cá por dentro. Desloquei-me até ao ponto que considerei ser o melhor para apanhar o que queria e ouvi um engraçadinho dizer-me em inglês:
Pensei que ia tirar uma fotografia ao meu carro!
Respondi só que não e prossegui a minha vidinha de
blógâróiutubéróinstâgrâmére
Entretanto olhei para o carro dele, era um Ferrari não sei das quantas, que, para mim, seria imprestável, mas por que raio é que eu quereria take a picture àquilo? Olha mas é a bandeira, 'migo, vem cá ver:
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