segunda-feira, 4 de maio de 2020

Quarenta e cinco dias.

Dia primeiro, este, de volta ao meu estaminé, depois dos (meus) quarenta e cinco dias de quarentena, muito embora eu tenha vindo ao estaminé por três vezes.
Ulha! Ca xiru! E Lisboa, ó Gina?
Então, está diferente daqueles primeiros dias de pandemia, acerca dos quais fiz anúncio no blogue mas mais cheia de gente, portanto: mais viva.
Bom, a verdade é que é caso para dizer que vim ser grafómana para outro lado.
Fui ver a árvore amarela. Está bastante preenchida de folhas. Filmei-a e tirei-lhe fotos, que ainda não visionei. Lembro-me que a última vez que a vi foi há precisamente quatro semanas, que também lhe tirei fotos, que não as quis mostrar e registei essa falta de vontade no blogue. As árvores da rua mais bonita de Lisboa estão também todas compostas.
O banco hater tinha uma pessoa abancando em si. Hum, distanciamento social – só uma pessoa. Há ainda muitos bancos de rua coma fita sinalizadora a fazer o sinal 'não sentar'.
São agora três e tal da tarde, quando anotei que vim ser grafómana para outro lado, não me tinha ainda apercebido que não tenho tanto tempo assim para escrever.
Nisso de ser grafómana, devo dizer que usei o bloquinho rudimentar durante a quarentena, em casa, ca jeitão deu, na mesma. Na verdade sou grafómana em todos os lugares, au eva, e obviamente, tenho que ter tempo para.
Vendi uma ficha adaptadora brasis/portugais.
A cliente ficou eufórica com o achado. Saiu daqui, não com iupis, mas com gestos amplos e exclamações do tipo «nossa!, não tenho mais que secar meu cabelo com o vento!»
Vendi dois metros de cordão para estore de lâminas.
O cliente dispôs-se a pedir uma quantia que me facilitasse os trocos. Tão querido. «Ah, não é preciso, ora essa» acalmei-o «eu tenho trocos.»
Vendi um cento de luvas à palhaço e um gel desentupidor.
Estes itens vendi-os ao Antunes. Rapou o bigode. Bem que estava a notar-lhe qualquer coisa de esquisito mas, pois está claro, não me ia pôr a perguntar: «Olha, lá, ó Antunes, então...», né? 
O meu colega vendeu um esticador para cortinas.
A cliente esqueceu-se da carteira em cima do balcão. Notei-a, referi o caso ao meu colega e este, agarrando-a, correu para a rua no encalço da cliente e foi bem sucedido.
Dia tumultuado, ena ena.
8979 passos dados hoje. Pois não, não é neste número que mora o tumulto.



quando te dizem 1 'pois não'
concordando contigo e não escondendo o alívio de tu saberes de antemão
mas tu querias era 1 'pois sim'
por dentro dizes-te 1 lamentoso 'oh...'
que não deixas ninguém ver

Sem comentários:

Enviar um comentário