Não posso queixar-me, a quarentena não me foi assim tão dura.
- pude sair para passear o cão, pude simular um Ginásio para mexer o corpo, pude adiantar as refeições, pude ir ao supermercado, pude ir ao talho, pude ir à frutaria, pude, inclusive, oh vejam lá, pintar partes da casa e limpá-la profundamente quase na totalidade -
Em suma: pude viver não apartada de muitos dos meus costumes.
Comecei por recear uma certa revelia ao confinamento, e isto mesmo eu gostando de estar em casa, afinal, não querer sair de casa (ou não ter esse apetite) ou não poder de todo fazê-lo, são coisas muito diferentes. Mas não me posso queixar, não tenho filhos pequenos nem pessoas idosas sob a minha guarda, tampouco há doentes de qualquer tipo coabitando comigo. Tudo bem. Se é assim que se combate o bicho, a malta confina-se. Confinei-me.
Depois notei que sentia falta de pessoas. As pessoas do costume, a vizinha Gislena, o nepalês da frutaria, a dona Palmira, este ou aquele vendedor, os estafetas, o carteiro, o Zé, o Ângelo, sua majestade, o senhor do restaurante. Enfim - pessoas. O meu balcão é, também, pessoas. Pessoas que não vão comprar nada, que não engordam a minha receita diária. E, curiosamente, sentia-lhes a falta. Logo eu, a de-parte, a deixem-me-da-mão, a não-me-digam-nada. Quem sabe esta falta me mudasse os estados e os sentidos, né? Não, não é. Agora que já passou uma semana por sobre o regresso ao estaminé, noto que sou a mesma 'eu'. Posso defender-me com o chavão «não é defeito, é feitio». Além disso, aqui no lbogue... ai perdão, blogue, sou facilmente aturável e, no presencial, não o sou menos, já aí atrás disse que sou do género deixem-me-da-mão, não tendes melhor desculpa do que essa para não ter que me aturar.
Sem comentários:
Enviar um comentário