O meu colega encontrou uma velha chave que identifiquei como pertencendo ao cadeado que, embora alojado na porta do estaminé, não tem uso algum. É uma coisa inútil mas presente e, se a considero presente, é porque fazia barulho todas as vezes que se abria ou fechava o estaminé, porque era preciso movê-lo para um lado, ou então para o outro, e em qualquer dos casoso ouvia-se o característico barulho de metal contra metal. Ora, o meu colega, uma vez encontrada a chave, achou melhor retirar o dito cadeado, cujo poiso tinha décadas de inutilidade. Discordei vivamente dessa retirada, aleguei que sentiríamos a falta do barulho metálico, que a rua inteira percebe quando chegamos ou vamos embora à conta disso, que decerto são reações do tipo pavloviano, é uma marca da casa (da! Casa), é uma imagem e uma presença distintivas e blás e mais blás. Ele não quis saber e retirou o cadeado na mesma. Argumentos, tive-os à bruta, persuasão é que, pronto, pá, não. Au eva, nesse dia, na hora de fechar, confessou-me que sentia a falta do barulho, mas não voltou atrás.
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