Fui eu que fiz, pois fui, e tinha catorze anos. A prática não era quase nenhuma, por isso o bordado assim um bocado para o mal-amanhado. Quando eu tinha treze anos a minha mãe pôs-me no lugar de aprendiza de bordados feitos à máquina. Aquilo foi coisa acontecida numa loja de máquinas de costura e electrodomésticos, cujo negócio era familiar. Mais ou menos familiar, quero eu dizer, a pessoa que atendia ao balcão, e que era quem ensinava a bordar, não pertencia à família. Contudo, por o negócio ser familiar, a neta do dono, rapariga para as minhas idades, por vezes aparecia lá. Lembro-me que ela também andava a aprender este lavor mas não tinha grande prazer nisso. Ao princípio falávamos imenso, chegando, em certa altura, por quase a considerar minha amiga. Porém, quando baixei a guarda uma beca, ela mudou o comportamento, passou a não me cumprimentar quando chegava, ou, quando cumprimentava, era com frieza e desdém. Porquê, é o que decerto quereis saber. Pues que no lo sei. Atão sei lá eu, né? Não, não sei. Compreendo que se sente uma certa prisão, ou julgamento, vá, quando as pessoas são atenciosas. É, dá um certo medo, dá.
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