domingo, 30 de setembro de 2018
sábado, 29 de setembro de 2018
Ovos
Ontem à noite passei pelo carro e dei-lhe um grande olá, tipo assim OLÁ! e depois segredei-lhe a dona amanhã pega em ti e vamos ao supermercado. Já tenho ovos. Já estou descansada.
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Véspera de sábado
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Estações
Na estação do Cais do Sodré os azulejos mostram pés e dizem palavras. Se de um lado leio 'estou atrasad', do outro leio 'dasarta uotse'. Isto tem obviamente a sua lógica, é para as pessoas lerem, tanto venham de um lado como do outro, é uma espécie de reversibilidade. Podemos, no entanto, debruçarmo-nos sobre a ausência de ó ou á, de atrasadO ou atrasadA. Pois. Tenho para mim que o artista não se quis sexista, assim dá para tudo. Todos, quero eu dizer.
Na estação do Rossio, quando o comboio parou, a minha janela ficou paredes-meias com um pilar. «Olá pilar», disse eu, mas podia ter dito «olá Pilar» e encontraria outra história, uma mais acompanhada. Por falar nisso, era só olhar para o lado, para o lado em que estão pessoas.
Dias de um Ginásio
Ando há muitas aulas para registar no blogue que a ventoinha daquela sala parece um aranhiço gigantesco. O motor é o corpo, os braços são as pernas e as hélices são não sei o quê, pois que são incomparáveis.
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
Ampulheta
Sabem aquela rodinha que aparece no ecrã dos computadores e que gira-e-gira-e-gira com o intuito de mandar a gente esperar? Ontem, o lá de casa fazia barulho a girá-la. Sério, parecia uma engrenagem com falta de unto. Bai da uei, a grade do estaminé já foi untada nas juntas, a que sobe e desce e a que se deixa estar, e já sobe e desce sem queixas.
O gatinho preto
A vizinha da vizinha Gislena deixou escapar o gato ontem à noite. Hoje, ia a manhã já alta, ainda não o encontrara. Andou a colar folhas de papel nas paredes dos prédios com a fotografia do bicho, o nome por que acode e a rua de onde se escapou e mais aquela com que partilha as traseiras. Eu podia ajudar a vizinha da vizinha Gislena, tirando uma foto à papelada e publicando no lbogue... ai perdão, blogue, mas depois o mundo ficava conhecedor da rua onde ela mora antes do paradeiro do gatinho preto e eu bem sei que as pessoas não gostam que se saiba coisas da vida delas, só se for tipo assim a perda de um gatinho preto ou outro de outra cor qualquer, que eu às vezes bem vejo papéis colados em paredes de prédios e com outras cores de bichos lá escritas.
Almoço
Hoje foi arroz de coelho, que o piano de porco estava já farto de ser roído. Em dias desses, de roer o piano, trinco todas as rodelas de cebola que vêm no prato. Tudo é e está bem, afinal não conto beijar ninguém na boca logo a seguir, só mais tarde.
Lugares sem destaque
Pus os auto-brilhantes a fazerem um semi-círculo e a pomada neutra no meio, como quem finge que o meio-círculo está de círculo por inteiro. Atrás da pomada pus então as tintas para sapatos, para darem os urras e os vivas, e as pomadas das outras cores espalhei-as, só por dizer que não sei para quê. Bom, no fundo no fundo, para ali ficam todos, sem destaque, que ninguém os vai notar. Oh! Triste é a vida dos transparentes!
Diálogo: «Onde está o meu pano?»
O senhor não sabe onde está o meu pano, não?
Como?!
Preciso de saber onde está o meu pano e não sei. E o senhor, sabe?
Eu?! Eu mal sei onde tenho o meu...
(pasmai, que quando um homem não sabe onde lha pára o pano... ai)
Creme de olhos
Nesta vida tudo tem uma história, de modo que, o meu creme de olhos do momento tem-na. Andava para comprar um desses, sim senhoras e senhores, mas entretanto lembrei-me que a rica filha me deu um em modo 'resto', pois que lhe fazia não sei o quê de mau à pele, e eu que o experimentasse, a ver se me fazia sei o quê de bom. Ora esse frasquinho andava aos rebolões no wc do estaminé e passo a explicar por que raio escolhi este lugar para seu poiso. É que num certo dia da semana vou ao Ginásio de manhã e, para eu ir! ao Ginásio, tenho boleia, já para voltar! pois que não e, não tendo, quanto menos coisinhas levar, melhor. Então, estando a minha vida nestes preparos, resolvi deixar o frasquinho encetado no estaminé, que quando cá chegasse, não vinda directamente da esfrega do banho, não senhoras e senhores mas ok, o espalharia, não só ao redor dos olhos como em toda a cara. Bem sei que não é a melhor das coisas a fazer, mas pronto. E ocorria que, em todas as vezes desses dias de ir ao Ginásio de manhã e mais não sei o quê... Eis que me esquecia completamente de todo este esquema. Bem sei que é das piores coisas a esquecer de fazer, mas pronto. Então, um belo dia, lembrei-me de levar daqui o frasquinho e plantá-lo na prateleira do wc doméstico, aquela que tem muitos cremes, e desde há uns dias para cá, pumba, espalho-o, já se sabe que nos olhos, antes de vir para aqui. Falta dizer que, por tudo isto, a minha vida corre pacata e feliz, como sempre, e, a seu tempo, mais histórias pipocarão (quiçá com menos vírgulas em seus finais).
Bom dia!
terça-feira, 25 de setembro de 2018
pá, ficas aí
Souberam em bem bom as horas de que dispus para despachar tarefas domésticas – lavar roupa (estender, dobrar, arrumar), lavar louça (pôr e tirar da máquina, arrumar), aspirar a cozinha, libertar e limpar as bancadas, ir ao supermercado e...
fazer bolachas para levar à sô dona Marió...
que não correu em bem bom. A massa estava mais mole do que devia, não se dava estendida, estava muito muito muito calor, eu queria fazer florzinhas com os cortantes, isto para as de sabor a alfazema e limão, e coraçõezinhos para as de laranja e canela, mas, dado o calor, acabei por enrolar pequenos pedaços de massa nas mãos, espalmá-los, entretanto o tempo já me escasseava... Já se percebeu, né? Não deu. Tinha até colocado as bolachinhas num frasco que para ali me andava, sem tampa, à espera de uma oportunidade estranha, que seria a de ser frasco útil sem tampa. Mas foi. A tampa acabou por ser um saco, o qual atei. Mas, como não deu para visitar a sô dona, considerei que a ofertada poderia ser a recepcionista mais simpática que o Ginásio tem. Se ela lá estivesse no dia seguinte, teria miminho doce. Mas não estava. E as bolachas não me pertenciam. Podia às vezes a recepcionista desse dia ser simpática, quiçá, afinal o que não falta a este mundo é gente simpática. Só que não. De maneiras que decidi deixar o miminho ao deus-dará e foi assim que se fez esta foto:
Pá, ficas aí, está bem?
Ó animais!
Ó pessoas!
Vinde, rasgai e comei.
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Das bolhas
Nunca tinha reparado que a embalagem do detergente para lavar a louça tem umas bolhas por ele acima, assim em decrescente, quanto mais acima na embalagem, mais pequenas são as bolhas, que presumo serem a fazer de espuma, já que é de um detergente que se trata. Detergente? Pumba, vai buscar espuma. Espuma? Pumba, vai buscar bolhas.
descobri hoje que o mercado tem várias esquinas
e nenhuma é recta
ou poussui um ângulo de noventa graus
numa das esquinas do mercado, a minha, cheirava fortemente a manjericão
coisinhazinhas
apóstrofos
qu'as pessoas são lá capazes disso c'as outras pessoas
ponto final
é tão fundamental quanto vão anunciar que não me sinto bem
reticências
mau maria... parece que queres ler o mesmo que o teu companheiro de viagem...
pôi quére...
qu'as pessoas são lá capazes disso c'as outras pessoas
ponto final
é tão fundamental quanto vão anunciar que não me sinto bem
reticências
mau maria... parece que queres ler o mesmo que o teu companheiro de viagem...
pôi quére...
Teclado
Se eu escrever as cosinhazinhas no computador do meu colega, o que estou agora mesmo a fazer, fica aqui registado, ai suspiro suspiro, que o teclado é aquele onde escrevia as coisinhazinhas do tempo que é o tempo de antes, do velho estaminé, o dantes. Os mesmos botões, baixos todos, perros alguns, as mesmas fissuras empoeiradas. Mas o que é que eu estou para aqui a dizer?! Este é o teclado doméstico! Qual do velho estaminé, qual quê!
O bolo do fim-de-semana
Tinha iogurtes daqueles meus a terminar o prazo e o resto do fondant que usara para o bolo de anos da rica filha, cuja embalagem dizia que, em sendo aberta, não se deixasse estar muito tempo sem consumir o que e se ficasse de resto. Resolvi fazer o tradicional bolo de iogurte – uma medida de iogurte para três de farinha e duas de açúcar e uma de óleo e mais as especiarias e raspas de algum citrino que ao momento chegasse à lembrança –, que é estrutural e aguentaria o peso do fondant, só por dizer que fiz uma confusão do caraças e pus três medidas de cada, exceptuando o óleo, que aí a gorda portou-se bem e em magra, acabando por a massa se me apresentar líquida, o que deslindei logo a seguir, pois me lembrei que tinha posto o triplo da dosagem de iogurte. Bom. De seguida era rectificar, aumentando a farinha e o açúcar, só que neste último a gorda mandou dizer que se armasse em magra e deixasse estar o tamanho do açúcar como estava. E vai que o bolo me saiu um bocado sensaborão. Bom de textura, tudo bem, mas desengraçado no paladar. O açúcar, 'migos, não serve somente para adoçar, há todo um processo químico à volta da feitura e cozedura de bolos e, como se sabe, a química é uma coisa regular, dependendo do está-certo para se dar. Mas e ainda assim, como aliás já referi, a textura do bolo estava apresentável, ainda que com o aspecto de um queijo suíço, de tantos buracos, o que se deveu ao iogurte em demasia em contacto com o bicarbonato de sódio que não está exposto no rol entre os tracinhos, lá em cima. Quando me joguei ao fondant notei que era curto para tapar todo o bolo.
Aproveito este bocadinho, onde até podia pôr e chamar parêntesis, mas não ponho nem chamo, para registar que no dia anterior tinha comprado uma forma para bolos em pequena no diâmetro e em alta na lateral e um corante vermelho em gel, que é novidade para mim, isto de ser em gel, e, do gel, só falta dizer que a cor se diz ser como um 'Red Christmas'. A ideia era fazer um bolo pequerrucho, como aliás fiz, e com o corante corar parte do fondant, fazendo enfeites no cimo do bolo, tipo corações e flores e coiso. Bonecada. Invencionices. Palermices, pronto.
E, como foi curto, recortei flores que fui colando na lateral do bolo, o que não se revelou difícil porque eu tinha-o recheado, passo que ainda não tinha aparecido neste post. Recheio que, oh céus!, não correu bem. Armei-me em memorial de receitas e não quis consultar a minha receita de creme de pasteleiro. Resultado: ovos de menos e amido de milho de mais. Esta demasia até teve o seu quê de inofensiva por ter sido boa de resolver, pois, por modo a melhorar o deslizar da espátula, toca de bater o creme arrefecido e endurecido na minha batedeira montes de espectacular, que o tornou very smooth. Ah, é verdade, isto de ter coisas a mais e a menos no creme, fez com que ficasse, também ele, desengraçado no paladar. Bom. No cimo do bolo plantei uma flor. Branca. Este bolo ficou tão esquisito que já não tive paciência para andar a pôr corzinhas numa e noutra flor. Ou coração. Mas foi flores, afinal. Tenho foto, mas está de caneta mágica. É um filtro que o móves tem, do qual gosto muito, mas que não se presta a toda e qualquer foto, e nesta prestou. Tenho outra foto, meio esbranquiçada, que, estranhamente, em negativo ficou assim, branca. É, eu hoje estou dada aos negativos das minhas imagens. Fiquem então os leitores cientes que a foto para o escurinho é a da caneta mágica e a para o clarinho é a negativa. Mas as fotos:
Post de quem está muuuuuito pior do que eu
A menina não assa cá dentro com este calor? Peça ao seu colega para pôr aqui uma ventoinha.
Não gosto de ventoinhas.
Ai é? Então olhe: aguente-se!
É o que faço, já me ouviu queixar?
Isso é porque a menina não sofre daqueles calores como eu, ainda não tem idade para isso, quando tiver é que vai ver, são cá uns calores! A minha médica receitou-me coisas mas estou na mesma. Agora, quando for lá, não quero, não serve de nada! Ai eu não!
Introduções de antigamente
Há duas tendências que ainda tenho, vindas dos hábitos do velho estaminé. Uma é o código de entrada em cada um dos ficheiros, estes são obviamente diferentes. Outra é a minha apresentação aos fornecedores, quando pela via telefónica: «ah e tal daqui fala da...» Não fala nada. Morreu.
Futuro
domingo, 23 de setembro de 2018
sábado, 22 de setembro de 2018
As formas para gelados
Já não há formas para gelados, não aquelas iguais às que comprei no outro dia. Oh. Num outro dia, cá mais para a frente do que aquele ali atrás, dizia eu que essas formas «fazem uns gelados lindos e apelativos, porém: enormes». De todas as vezes em que escrevi acerca dos gelados que faço, julgo que nunca disse que uma das principais diferenças entre meus e os de compra, é que estes últimos têm incorporado muito ar, o que faz com que dificilmente se acabe com a vontade de comer mais e mais gelados, ao passo que os caseiros, sendo mais densos, saciam. Sério. A gente come uma taça e acabou a vontade. E a gula.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
Temperatura
Tem estado uns calores muito quentes, bem sei, mas noto que o Outono está a dias de chegar. O arrepio à saída do banho já não é bem vindo.
Mais ou menos
No blogue sou mais
alegre, destemida, capaz
E menos
tímida, aborrecida, triste
Nunca convivi saudavelmente com esta mentira, o que faço é fingir que não existe.
alegre, destemida, capaz
E menos
tímida, aborrecida, triste
Nunca convivi saudavelmente com esta mentira, o que faço é fingir que não existe.
Olho
A cliente era vesga. Pronto, assim um nadinha, vá. É sempre uma complicação do caraças focar-me no olho que me olha.
Desmaio
O desenho-cão no muro do Hospital tem o laranja desmaiado. É muito sol, 'migos, é muito sol. Daqui chamo a atenção do artista que compõe estes cãezinhos: ó 'migo, retoque lá aquilo.
Penteado
Há aproximadamente um ano que ando a ver se mudo de penteado. É difícil que se farta deixar crescer o cabelo, fazer figuras que não se quer fazer, esperar que algo tão lento como o crescimento do cabelo chegue ao comprimento pretendido. No meu caso, o que eu queria era que as laterais crescessem mais que a nuca, que é exactamente o oposto do penteado que usava há uma boa meia dúzia de anos e do qual estava já bastante cansada. Mas estou a conseguir! Ó Gina, tira lá o cabelo dos olhos!
Verniz
Quando é Verão sou mais afoita em cores de verniz, tanto que ando há três semanas com as unhas dos pés pintadas de verde. Para mais graça dar a esta questiúncula, e visto que visto roupas e calço calçado de cores que vão do verde ao verde e ao azul, aconteceu que em alguns dias dei por mim toda eu muito condizente:
as unhas verdes
os chinelos azuis
a camisola verde e azul
Este verde de que falo, o do verniz, é frasco que me anda nas gavetinhas há anos. Por vezes, em certos Verões, olhava para ele e achava-o giro à brava mas não havia coragem de mandar lacar as unhas daquele tom. Até este Verão. Mas não gostei tanto assim do resultado. A cor que aparece no vidro do frasco parece um tom de verde que vai buscar um niquinho de azulão, o que é uma mentira do caraças porque o verniz é verde verde verde. Mas já agora fica até a Carminho o retirar. Sim, que ela é exímia nisso de retirar vernizes vistosos, daqueles que se agarram às peles em volta como se tivessem dentes. Ou garras.
O gorro feliz
Tenho outras nuances e perspectivas da mesma era d' o gorro feliz. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, a minha máquina fotográfica montes de espectacular tem um filtro cheio de graça, que se foca e/ou mantém numa ou noutra cor, resultando numas fotos especiais. No dia do 'gorro feliz' usei esse filtro em todas as cores que a máquina dispõe e ainda me pus a usar o temporizador que tem opção de dez fotos por vez, conseguindo assim tantas mas tantas fotos que na hora de escolher me fiquei por uma só, mais para não cansar a vista de quem cá vem do que por outra coisa qualquer. Entretanto passou para aí uma vintena de dias e, estando cansada de ver as ditas fotos nos meus arquivos, com a agravante de quanto mais tempo passar menos graça lhes vou achando, e porque não quero eliminá-las nem arquivá-las senão no blogue, eis que ficam aqui, hoje e agora, com o aviso prévio de que são bués, contudo: aligeirei a coisa, botando algumas em pequerrucho para fazer tipo assim uma espécie de padrão.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
Tarecos
Olhem, gosto da vossa loja porque tem um sem-número de cores, feitios, tamanhos, texturas e afins. Gosto de misturar tudo na minha cabeça, por exemplo: copos do mesmo feitio mas uns com melancias e outros com pêssegos, podem conjugar com os pratinhos das cores dessas frutas, fundos, que não são de sopa nem de sobremesa, mais parecem feitos a pensar nas papinhas de bebé. Depois há os jarros com ananases a condizer com os copos aos ananases mais pequenos, e que também os há nas canecas e nas garrafinhas de transportar. Enfim, divirto-me imenso a inventar estas escolhas, e a melhor parte é que é de borla.
«Enquanto escrevia isto um homem sentou-se no banco da avenida, o mesmo onde eu estava. Era pedinte, pensei que vinha interromper as minhas anotações patéticas, mas não, limitou-se à queixa em modo audível de si para si, o que, no fundo, era o máximo que eu conseguiria aguentar.»
Avermelhou
Acho que na altura falei dele no blogue, de um senhor que se apresentou num aprumo levado ao exagero, a camisa justa e sem quaisquer rugas, os punhos com botões de atravessar, o laço justo, as calças vincadas, o chapéu imaculado, a barba aparada ao milímetro, o cabelo sem fio algum fora do seu lugar. Ainda me lembro dele, e é por causa do vermelho de que me falou. Disse, e foi em tom de recomendação, que não sai de casa sem um pedaço de vermelho, porque o rejuvenesce e anima. Já não recordo o que escolheu nesse dia para avermelhar, mas avermelhara. Às vezes lembro-me dele e não é pelo ridículo - para alguns não duvido que uma figura daquelas os leve a desdenhar – mas porque a essência do que me disse se chama ‚estar feliz comigo‘.
Comprinhas
Comprei
Uma peça de roupa cuja etiqueta diz ser três a quatro xis éles, cobrindo assim o meu escultural corpo
Comprei
Uma lata de comida (na verdade não fui eu que comprei mas faz de conta) para a cadela que tem carne de porco e maçã
Comprei
Duas formas para gelados (na verdade já comprei há montes de tempo, só que fica bem neste post, é para enchê-lo), uma um ananás e outra uma fatia de melancia. Fazem uns gelados lindos e apelativos, porém: enormes.
Lápide
Na minha lápide pode vir a figurar «Gina, a mulher que tinha um blogue», fica já aqui o desejo e tudo. A primeira impressão vai para aí porque o blogue é a parte poética da minha vida e acresce que encontro muita poesia na morte, isto por via de isso de morrer ser um mistério para quem está vivo. Logo depois, e por mor de melhorar as parvoíces que este post já contém, vem o legado feito de sangue, chicha e ossos, os filhos, portanto também podia constar «Gina, a mãe de seus ricos filhos», mas pronto, fica ao critério de quem.
A expressão «ricos filhos» é dos tempos memoriais - isto porque me lembro e se me lembro é porque tenho memória e blás - é anterior ao blogue, ainda eu não tinha esta doença de escrever e já me punha a brincar com as expressões de rico filho para aqui e rica filha para ali e vice-versa.
Inveja inconsequente e merecedora de post
Aquando das incursões netes afora, redes sociais e o camandro, tenho por comum ver pessoas responderem a perguntas que lhes fazem. Ora eu invejo isto. Sério. Muito embora saiba que fazerem-me perguntas é aborrecido, principalmente se o mais das vezes, nestas lides de que falo, as perguntas repetem-se. Eu, no mais das vezes em que escrevo no blogue, evito perguntar seja lá o que for directamente aos leitores, não por receio de aborrecer mas porque é raro virem de lá respostas e ópois fica a pessoa para aqui à espera e coiso. Enquetes é coisa que não vai bem comigo. Uma variante das perguntas ao ídolo é as perguntas do ídolo aos seguidores, quando aquele quer, por exemplo, que estes lhes dêem ideias. Invertem-se os papéis, pois é. Quero dizer, mais ou menos, o ídolo é sempre o ídolo e os seguidores são os que vão atrás da conversa. Estou a desviar-me, inicialmente a intenção não era de todo ridicularizar pessoas, questões e circunstâncias. Bom. Quando alguém muito visto e apreciado nas netes, vá lá assim, suavezinho e tal, precisa de saber coisas como 'que casa de fados visitar esta noite?' recorre aos seguidores, pois que são mais que muitos e dentre esses decerto algum terá uma resposta adequada e cativante. Rastrear o jorro de ideias é que é capaz de ser chato... hum.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Dias de um Ginásio
Mapas
A propósito dos mapas de que falei no outro dia lembrei-me que há muito muito tempo andei a ver a rua mais bonita de Lisboa e a árvore amarela através do satélite que Mr. Google oferece e me deu uma vontade enorme de publicar uma foto mas desisti para não quebrar o encantamento, é sempre boa ideia manter um certo tom misterioso nestas lides da blogosfera, muito embora neste post esteja a mostrar tudo à descarada. No meu caso é (ou era, sei lá) neste género de coisas que mantenho segredinhos, toda a gente sabe que o meu nome é Gina, que moro em Loures quase paredes-meias com, que trabalho num balcão de Lisboa que fica muito perto de. Toda a gente sabe. Bom, continuando, hoje deixo um screenshot (ó pá toin xiru! o que o móves chama a estes cliques!) acabando por completo com a magia de ser «a árvore amarela» e «a rua mais bonita de Lisboa», as que a Gina descreve, sem medir as vezes, no seu blogue, para passar a ser uma árvore que amarelece por alturas de setembro e, a rua, é uma com árvores de um lado e de outro. É só isso, afinal. A árvore amarela dantes tinha um banco por baixo dela, onde pousava o velho da bóina. Agora tem um mais ao lado mas a gente sentando-se fica de costas para a árvore e é uma chatice, que graça é que tem, né? As árvores são vinte e seis, treze de um lado e treze do outro, não sei se recordam, é que há tanto tempo que não me interessava por estes números... Também há bancos. E postes de iluminação. Os bancos é para conseguir descanso aos passantes. Os postes com luz é para eu olhar para eles. E agora há screenshot, o tal, este:
o círculo a amarelo mais não é do que a árvore amarela a pique
e
com o risco cor-de-laranja mostro um pedaço do percurso habitual
Do fim-de-semana
Este fim-de-semana também me portei extremamente bem ao nível do fogão. No supermercado havia metades de galinha em promoção e na hora pensei logo num caldo de galinha, que fiz mal cheguei a casa. Daí aproveitaria a chicha da galinha, logo veria para quê, bem como o caldo. Comprei também bifes de peru porque já tinha a ideia de fazer salsichas. Sim! Salsichas! Abaixo as salchichas! Bom. É uma receita da Cátia Goarmon (Os Segredos da Tia Cátia, canal 24 Kitchen) que, logo que vi, quis experimentar. Creio já ser conhecido o meu gosto por fazer as coisas de raiz, e salsichas de lata, ou mesmo frescas, é coisa que não como, de umas não gosto do aspecto, de outras não gosto assim lá muito do sabor, de maneiras que dispenso. E fiz as salsichas, assim:
Pus meio quilo de carne no processador e processei, acrescentei cem gramas de gelo, que são aproximadamente oito cubos, e processei, juntei meio pimento vermelho assado, meio decilitro de óleo de coco, uma cebola, um alho e, de pimentão, cominhos, sal e pimenta, pus a olhómetro (como diz a Cátia), sei lá eu a quantidade que pus!, e processei até ficar uma papa (não, não é bonito de se ver), que pus dentro de um saco de pasteleiro. Dispus película aderente em cima da bancada e pressionei o saco de modo a desenhar uma salsicha em cima da película. Enrolei a papa sobre si mesma, enrolei as extremidades como quem embrulha um rebuçado e dei um nó em cada uma. Levei ao frigorífico uma porrada de horas. A Cátia recomenda doze mas eu não cheguei a tanto, ficando-me pelas nove. Pus um tacho ao lume com bastante água, quando ferveu desliguei o lume e introduzi as salsichas cuidadosamente. Receava que a película derretesse. Ah...... Não fui ao calhas, nada disso, enquanto a galinha fervia fiz um teste e a película aguentou-se. A Cátia tinha recomendado a gente adquirir uma película que na embalagem dissesse que resiste ao calor mas, enquanto às compras, não encontrei nenhuma embalagem que dissesse tais coisas, nem mesmo naquelas marcas todas boas e coiso, de maneiras que arrisquei usar a minha marca baratuxa e petisquei. As salsichas estão dentro da água muito quente durante meia dúzia de minutos. Obviamente que, sendo muitas, tem de se fazer o processo em mais do que uma vez, mas a gente vendo que a água arrefeceu muito, liga o lume (sem salsichas lá dentro!!!) até ferver, desliga e mete o resto. Resta agora desembrulhar as salsichas, o que consiste em cortar um nó de uma das extremidades e pressionar a outra, fazendo deslizar a chicha. Depois foi fritar em azeite. Achei espantoso ter conseguido fazer salsichas. E estavam boas. É certo que podiam ter um nadinha mais de sal, mas estavam boas. Há foto:
Entretanto, de bolo, fiz um de uvas. Joguei-me à receita 4x4 (medidas iguais de farinha, açúcar, manteiga e ovos) mas achei boa ideia juntar ainda um iogurte, o que conferiria humidade ao bolo, e conferiu. Estava, e está, que ainda dura, bom mas nada de extraordinário.
O caldo que aparece escrito logo às primeiras frases deste post, pus uma boa parte na sopa, que foi de couve pak-choy, vulgo couve chinesa. Ontem encontrei esta imagem no Pinterest:
… Que achei linda e de acordo com o momento. Com a galinha fiz uma tarte cuja base tinha cebolinho a esverdeá-la. Ultimamente ando nisto de esverdear as bases de tartes salgadas, no outro dia fiz uma com manjericão que ficou uma maravilha (ideia da Cátia Goarmon, que é uma senhora cheia de ideias). E também há foto da tarte:
E agora vou-me mas é embora. Mas volto já a seguir.
Azeitona
Esta foto anda-me aqui há precisamente um mês. Eu estava de abalada para as férias de ir para fora e, por qualquer motivo que já não recordo, cliquei. Vê-se até um pedaço de porta. Já o título, pois que se me chegou à conta da menina do olho, que ficou preta à conta do filtro a preto e branco. Bem sei que também há azeitonas castanhas, mas pronto.
domingo, 16 de setembro de 2018
Cinco amêndoas
Já comi as amêndoas que sua majestade me ofereceu no outro dia. Quando introduzidas na água quente a fim de serem peladas, duas flutuaram e as restantes não. Não, não sei o que significa, é apenas um facto. Outro facto é que há uma semana queria pôr no blogue um pedaço de uma qualquer coisa que eu tenha escrito e que, pesquisando, fosse ter a algo escrito e esquecido. Para republicar era importante não me lembrar do que escrevera. Mas, mesmo com esse requisito, não encontrei nada que me satisfizesse, tudo o que encontrava se revelava oco. Esquecido, porém: oco. Então agarrei num livro de que gosto particularmente - O Dicionário dos Sabores, Niki Segnit - abri ao calhas e calhou esta página, que fotografei:
... e que entretanto juntei ao assunto 'cinco amêndoas que sua majestade me ofereceu'.
Beringela
sábado, 15 de setembro de 2018
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Novos trabalhos
Os ricos filhos têm novos trabalhos. O rico filho está ao balcão de uma loja que faz chaves e comandos e trata de calçado. A rica filha está num call center a resolver questões de redes telefónicas e afins. Estão portanto em continuação naquilo de serem maltratados por clientes. Se bem que a rica filha esteja a sê-lo, notem bem, em inglês. É.
Cinco amêndoas
Sua majestade mandou-me estender a mão, ao que obedeci, e vi caírem cinco amêndoas na palma da minha mão. Agradeci e guardei-as. Amanhã escaldo-as, pelo-as e como-as. Amanhã, hoje não quero cá orgias por entre as bactérias da gente os dois.
Amanhã é sábado
Amanhã tenho que comprar desodorizante para ele e para ela. O Luís anda a cheirar a perfume velho e a rica filha não anda a dar conta do seu caso porque os seus desodorizantes acabaram.
É um problema, pá, isto é um problema (diz o amigo das motas).
E comigo está tudo bem, obrigadinha.
Amanhã vou fazer clafouti de uvas ou então bolo de uvas coberto com fondant ou então bolachas de manteiga decoradas com fondant ou então torta recheada com fondant ou então um bolo 4x4 recheado de creme de pasteleiro e coberto com fondant ou então sei lá.
Lacagem
Foi particularmente difícil retirar os óculos de dentro da mala para vir escrever este post, isto por não querer de todo estragar a lacagem que a Carminho acabou de me fazer nas unhas das mãos. Entretanto percebi que teclar este post foi também difícil, com o desejo pelo mesmo; o de não estragar o mesmo.
Ó Gina, tu não te estragues, mulher!
Ná...
Massachicha
Ó pá foi toin xiru! Laurent começou por achar-me com um ar triste, de fim de férias?, alvitrou. Respondi que sim, era isso, lembrando que na última vez tínhamos estado a falar acerca das nossas férias, àquela hora ele ainda não tinha sequer retirado a mala de viagem do seu lugar e partiria na madrugada seguinte para Paris, eu iria para onde fui, também daí a nada, ver o Mediterrâneo (ver, passear à beira, meter-me adentro, esbracejar italital), dizendo ele que trocaria de bom grado o seu local de férias pelo meu. Respondi-lhe que, pensando bem, trocaria eu também com ele. Mas não trocámos. Quando me ri por algo que já não malembra o quê, ele disse que a minha gargalhada lhe fazia lembrar alguém, que era igualzinha. Reclamei: ora essa, não me diga que não sou única, como assim uma gargalhada igual à minha? Apressou-se a dizer que sim, sou única mas é que há ali um toquezinho que lhe faz lembrar alguém. Achei-lhe um piadão. Assim como acho um piadão a tanta gente, tanto pela sua unicidade como por me fazerem lembrar alguém. Há anos aprendi que somos diferentes somente à superfície, que escavando vai tudo dar no mesmo, quais diferenças, quais quê!
Almoço
Em certa altura diz-me o meu colega assim:
- Olha, aquele ali é caixa no Banco. É motard, o gajo.
E eu acrescento:
- E também é um ganda cromo!
Condensando: não sabia que o homem é motard mas já lhe conhecia a cromice.
Estendendo: é pessoa para estar a atender os clientes e ao mesmo tempo comentar os próprios gestos quase inaudivelmente, é óbvio que não quer conversas
sons de saída
as pessoas falam sozinhas porque lhes incomoda os sons, passando a desejar um som que saia de si
Panquecas
Bem que ando a ver se dou com a minha receita. De todas as vezes que fiz, fiz sempre ao pequeno-almoço, a cabeça tonta e a barriga cheia de fome. Que jejum mais doloroso, este de fazer o próprio pequeno-almoço, quando é um tiquinho mais demorado. Ah. Bom. Ainda não dei com a eureka. Sei lá eu fazer panquecas daquelas altas e fofas. Quero dizer, altas até que ficam, agora fofas é que são elas. Falta dizer que é receita inventada, preparada como acho que é. Se são fofas, é pouca farinha e não poupar em ovos. Se são altas, é não ter medo de acrescentar fermento. Mas ainda não me satisfazem. Em textura, não.
Espremedor de citrinos
Morreu. Falo do meu espremedor de citrinos. Tudo que morre - e que seja electrodoméstico -, morre quando a gente vai usar, pois que se me morreu o dito mesmo quando ia toda lampeira tratar de fazer suminho de laranja. É um problema, pá, isto é um problema (diz o amigo das motas). Foi realmente um problema quando montei o meu outro espremedor - o que vem agregado à minha batedeira montes de espectacular e que ainda não usara por não ser preciso -, que lá montar, montei-o eu, mas pressionei o topo como fazia com o anterior e aquela porra não girava nem fazia coisa nenhuma. Claro que não girava!, era acionar o botão que faz todas as engrenagens funcionar, qual pressionar, qual quê. Pronto, quer isto dizer que já não tenho o velho espremedor, que contava com mais de vinte anos. Já fez a sua parte. Vai em paz e feliz, 'migo.
Salada
Era para ser verde, a salada, pois se comprei maçã granny smith, alface e alho francês. Em casa havia ainda: pepino, abacate, salsa e coentros.
O filme
Tenho andado para falar do filme que vi quando estava de férias e é agora que vou falar. Queria registar que terminei de o ver, sim senhoras e senhores (e uso parêntesis para relembrar os leitores deste post que o filme se chama Henry e June) mas com mais um intervalo ou dois, pois como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou demasiado inquieta para ficar mais de meia hora a ver tv (é que nem prás netes, quanto mais). A história foi-se desenrolando e subiu ao #intensóscandalôsósexual. Comigo está tudo bem, 'tá?, não me importo que haja filmes assim, deu até para perceber que nos anos 30 (ou para aí quê?, o século inteiro, no mínimo) a malta das artes se amandava de cabeça pra Paris devido à liberdade e a ausência de culpas, tudo se misturava, se via ou fazia. É uma coisa muito presente no artista, isto da liberdade e da desculpabilização. Mas afinal que mal é que tem?, perguntam-se. Nenhum!, respondem-se. Pronto, faltava este último resumo e agora já não falta.
4968
4968, é este o número de posts que o blogue alcança. Sendo o ano, que nada tem a ver com blogues, mas e depois, né?, farei 3000 anos.
《o nariz e os olhos azularam, as pestanas cresceram mais que muito e apareceram orelhas às florzinhas que já vinham azuis》
ou: cheguei aos 50 e fui pôr pestanas, que farei aos 3000?
《o nariz e os olhos azularam, as pestanas cresceram mais que muito e apareceram orelhas às florzinhas que já vinham azuis》
ou: cheguei aos 50 e fui pôr pestanas, que farei aos 3000?
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