sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Massachicha

Ó pá foi toin xiru! Laurent começou por achar-me com um ar triste, de fim de férias?, alvitrou. Respondi que sim, era isso, lembrando que na última vez tínhamos estado a falar acerca das nossas férias, àquela hora ele ainda não tinha sequer retirado a mala de viagem do seu lugar e partiria na madrugada seguinte para Paris, eu iria para onde fui, também daí a nada, ver o Mediterrâneo (ver, passear à beira, meter-me adentro, esbracejar italital), dizendo ele que trocaria de bom grado o seu local de férias pelo meu. Respondi-lhe que, pensando bem, trocaria eu também com ele. Mas não trocámos. Quando me ri por algo que já não malembra o quê, ele disse que a minha gargalhada lhe fazia lembrar alguém, que era igualzinha. Reclamei: ora essa, não me diga que não sou única, como assim uma gargalhada igual à minha? Apressou-se a dizer que sim, sou única mas é que há ali um toquezinho que lhe faz lembrar alguém. Achei-lhe um piadão. Assim como acho um piadão a tanta gente, tanto pela sua unicidade como por me fazerem lembrar alguém. Há anos aprendi que somos diferentes somente à superfície, que escavando vai tudo dar no mesmo, quais diferenças, quais quê!

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