domingo, 6 de dezembro de 2020

Casas

Nas casas-de-banho houve também mudanças e a principal é eu ter um lugar para os cremes e géis de rosto, a maquineta para o esfregar e também a máscara, o desodorizante, a escova de cabelo e a bandolete, bem como um arrumador - ou dispensador...? - de batons e um corrector de olheiras e, como o creme de olhos é tubular, aproveito esse arrumador/dispensador para o enfiar lá. Há também, muito bem aconchegadinhas, duas ou três amostras nem sei de quê, mas decerto de cosméticos. No início senti-me esquisita e distante, aquele era o espaço da rica filha, onde as coisas dela – também as deste tipo – permaneceram durante anos, mas entretanto já me habituei e já sinto como meu aquele espaço. Também me fez impressão ter a escova de dentes na outra casa-de-banho, era mais prático ter tudo junto, mas não quis separar a minha escova de dentes da do Luís. Sei lá, pareceu-me simbólico, adivinho, premonitório. A bandolete não tem muito tempo de vida, comprei há pouco tempo, qui-la para afastar os cabelos da testa enquanto trato da cara. Escolhi um modelo demasiado fino, a força que exerce é pouca, é num ápice que o cabelo a empurra para a frente. Portanto, se a bandolete é empurrada para a frente, vem de lá o cabelo e toma a forma original e não é isso o que pretendo. De todo. Quando a comprei era um unicórnio. Era. O corno já se descolou, restando, por ora, as orelhas e obviamente o pedaço de metal a que chamo bandolete. Com ou sem corno, ou seja: antes, levei um ror de tempo a decidir onde pousar a bandolete. Até um dia. Nesse dia apoiei-a na embalagem de gel que aguarda vez de ser consumido, evento que ocorrerá quando esvaziar o que está a uso.

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