segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Repetições

Pode ser desenxabido voltar aos lugares de sempre, mormente em se tratando de lugares de férias, mas eu gosto. Há coisas que conheço há anos - recantos, plantas, placares, escadarias, enfeites, árvores, sinalética.
Dois montinhos de cimento onde enfiaram um tubo quadrado antes de secarem. Aquilo todos os anos me lembra o mesmo, um par de mamas, com mamilos e tudo. Estes dois montinhos estão como se a mulher estivesse deitada, e para ali estão, numa beira de passeio sem calçada, o arbusto logo ali, quase tapando tudo. Só que eu vi. E vou vendo.
Plantas com flores vermelhas que não têm pétalas, parece que são feitas de uma só, e o olho é como um umbigo.
Plantas em roxo, rasteiras, as folhas confundem-se com os caules, parecem um todo, mas não, em certa altura abrem, tipo livro, e do centro brotam florzinhas lilases.
Copas de um imenso pinheiral. É lindo de ver. Vejo bem porque estou longe do solo, tão longe quanto um oitavo andar pode estar. A distância aproxima os pinheiros, nem se vê espaço por entre, é um lindíssimo aglomerado de verde. Se der para perceber quando digo que o aglomerado é de um verde pontiagudo, então perceba-se.
Bancos nos recortes ajardinados. São os mesmos. Às vezes está lá gente. Nesses recortes há sinais de trânsito – um a proibição de sentido, outro a obrigatoriedade de sentido. Não conheço sinais mais desprezados do que estes. Estão descolorados, é certo, mas não é por isso que lhes desobedecem. Qualquer dia trocam-nos, embora não garanta obediência.

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