quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Pantufas à espreita de conversas escritas

A rica filha mandou vir das netes uma coisa toda gira para colar nas costas do meu telemóvel. Aquilo consiste numa rodela com um anel agregado, sendo que das duas partes nasce uma articulação para permitir o anel deslocar-se da rodela, podendo então o dedo médio penetrar o anel e assim garantir que o telemóvel não se me salta das mãos, que isto com o frio que tem estado... Até estou para aqui a pensar que o calor gera aderência, que é coisa de e para pensar no Verão, quando suo e fico pegajosa.
Quando a encomenda chegou, eu, pensando que era algo para ela, deixei-lhe o pacotinho na cabeceira da cama, em cima da almofada, ao bom estilo 'surpresa!' É já costume este meu costume, se chegam coisas e blás é assim que procedo italital. Só que desta vez a encomenda não lhe era endereçada, como presumo que já se percebeu e não duvido que já por aí se alvitra que procedi da mesma maneira por pensar que sim. Na manhã seguinte tinha uma mensagem via telemóvel, com imagem, que era o recheio do pacotinho, portanto a tal pecinha, bem centrada, em cima da bancada da cozinha, que por sua vez apresentava o bordo em oblíquo por não ser o assunto principal, e, no chão, metade das duas pantufas da rica filha. A legenda da foto era: isto é teu. Respondi: eu sei - já sabia porque, por umas e outros, soube que o útil, dourado e lindo objecto a mim se destinava – ficou aí porque ofereceu resistência na abertura e receei a quebra. Ocorre então que deixei aí para a gente as duas amanhã tratarmos disso.
Só que acabei por me amanhar sozinha, colei a rodela nas costas do móves e desde aí tenho usufruído de um descanso dos melhores que há, advindo de um simples anel onde o meu dedo médio pode penetrar.
Acrescento a isto tudo que as redes sociais podem ser uma cena fixe e, por vezes, são-no mesmo. Através de que outro meio poderiam as pantufas da rica filha espreitarem as nossas conversas?

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