quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Para aí doze mil passos

A saída foi do estaminé, alcançando depois a Estefânia, onde me meti na rua dos cinquenta e dois jacarandás. Passado o Mercado 31 de Janeiro, cortei numa espécie de túnel que desagua nas Picoas. São Sebastião com ela, que era preciso segurar as mamas. Eu explico: há ali uma loja fantástica em sutiãs e eu, que tinha lá estado por alturas do azafamado mês de Natal e tinha visto umas cenas porreiras, pensei: «aquando dos saldos venho cá». Então lá reincidi no lugar e pumba, dá cá/toma lá. À saída da dita loja subi para apanhar a Sidónio Pais, que havia tanto mas tanto tempo que não passava lá. Considero essa avenida uma das mais bonitas de Lisboa, é clara e desafogada. Noto-lhe alegria e simplicidade, sem que contudo saiba se estou a ver eu. E bem. Enfim, coisas da minha cabeça. O destino era a Avenida da Liberdade, ali assim por alturas do meio, portanto, na Fontes Pereira de Melo, cortei para a Camilo Castelo Branco, percorri a não sei quantas, que não malembra, até chegar ao destino e tratar do recadinho.
A vinda foi obviamente tão extensa como a ida, embora por outras ruas e avenidas porque tenho a mania que sei como cortar caminho, só que os atalhos são dados a trabalhos, lá diz o povo. Bom, foi assim:
Saí da Avenida e meti-me numa outra que também não malembra o nome até me enfiar em Santa Marta, que eu sei ir dar à Joaquim Bonifácio e que era um bom porto para mim. Só que não. Diz que se aprende com os erros, de maneiras que. É. Santa Marta liga-se à Conde de Redondo, a qual, essa sim, vai então dar à Joaquim Bonifácio. A dada altura da Conde de Redondo, encontro-me com a Luciano Cordeiro. Julguei estar em casa! Iupi! Picoas é já ali! Iei! Mas não. Não, não, não. Estava a baralhar nomes de ruas, Luciano Cordeiro não é Latino Coelho, ó Gina! Sempre fiz confusão com as duas. Quando indagava para comigo mesmo se estaria mesmo mesmo mesmo enganada, reparei numa drogaria, montras com espumas de barba, lacas, sebos, ceras, a porta entreaberta, presumo que à conta do frio, e um velho senhor sentado por trás do balcão. O aspecto geral era o de um lugar moribundo, com as montras e as prateleiras meio cheias (e se não digo meio vazias é para a cena não vos parecer negativa). Empurrei a porta, saudei o senhor e anunciei que não ia comprar nada, pretendia apenas uma informação: se Picoas era para baixo ou para cima. Ressalvo aqui que eu não queria ir para as Picoas, mas sabia que esse ponto não se afastava quase nada da minha rota. O senhor, entendendo que eu queria Picoas na minha vida, explicou-me quantos cruzamentos atravessar até lá chegar. Não me desmanchei, faria de conta que queria então as ditas manas (consta que Picoas se chama assim por conta de um par de manas que lá vivia) na minha vida, e depressa, ouvi o senhor, afinal a explicação até estava a dar para perceber que eu ia efectivamente na direção errada, ainda desembocava mas era na... sei lá onde! Agradeci e dei meia volta. Tornei a enveredar pela Conde de Redondo, alcancei a Joaquim Bonifácio (ai miga, que sódades quê tinha!), Gomes Freire, Praça José Fontana... E quando avistei a rua dos cinquenta e dois jacarandás senti-me em casa.


Esta foto não tem qualquer filtro. Foi perspectiva casual. 
A rua é escura devido a tantos jacarandás, mas neste dia estava sol e resultou assim. #semfiltro


E daí até aqui foi um pulinho, o costume. Por ser costume, é mais custoso encontrar graça.
Os passos foram mais ou menos doze mil, como está no título, e só não sei o número certo porque não foram os únicos que dei nesse dia. Seja lá como for, foram muitos, e, com base numas contas que fiz, as calorias gastas foram 353, o tempo despendido foi 1h53m e os quilómetros percorridos foram 7,46. De nada, ora essa.

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