Do supermercado devo dizer que levei a rica filha comigo, isto porque ela quis vir: ó mãe, preciso de comprar umas comidas que tu não comes. Pá, pronto, então vá, só te faz é bem misturares-te nestas andanças. Vimos a senhora dos fiambres enxofrada com a cliente que nos precedeu. Quando terminou o atendimento perguntou, para o ar e não para mim, se podia respirar, abrindo muitos os braços, quase como a espreguiçar-se. Mesmo sabendo que a o pedido não era feito a mim, sei que era, por isso respondi 'ó minha querida, eu tenho tempo'. Mas não tinha, e ela foi uma querida na mesma. Fiambre dinamarquês, aquele bué da bom, e queijo flamengo redondinho, aquele bué da bom. Trezentos gramas de cada item. Isso, trezentOs. E a senhora nem me corrigiu. Mesmo querida, pá. Bom. Então. A rica filha admirou-se de eu ouvir sempre a mesma música a caminho do supermercado (questão que desenvolvo um tudo-nada neste post), lembrando que podia variar e mais não sei o quê. Pois podia, mas é tão giro que
não me abras assim o teu mundo
o teu lado lunar só dura um segundo
não é por ele que te quero amar
embora seja ele que me esteja a enganar
(Lado Lunar, Rui Veloso)
me acompanhe em cada ida ao supermercado e assim a memória se fixe nesses dois pontos, viagem + canção, que poderiam eventualmente serem outras, pois claro, mas não, são aquelas. Quero dizer: ao momento são aquelas. Depois a rica filha considerou esta minha questão, não só estranha como curiosa. Vou agora buscar dois posts de um blogue anterior, onde apresento esta interessante temática de canções a repetirem-se e viagens ao supermercado (quase sempre) feitas ao sábado de manhã.
O radio do carro... Autorrádio, não é. É. No autorádio ia a Marina and the Diamonds a cantar I'm not a robot. Que novidade, só por dizer que eu ia para Lisboa, não para o supermercado. Guess what, I'm not a robot. O botão do volume de som marcava o 22. Depois fartei-me daquilo, afinal a Marina estava a cantar o robô e eu circulava na avenida Santos e Castro, à procura do bom porto. Nada a ver com supermercado. Fartei-me daquilo, dizia eu, e cliquei na setinha que tem o bico a apontar para a direita. Cliquei até ouvir uns acordes clássicos, smoke on the water, Deep Purple, déun-déun-déun déun-déun-déun. Depois aquilo acabou e a Marina apareceu outra vez, my life is a play, is a play, is a play...
|3 outubro 2015
Não ouvi a Marina e os seus diamantes cantado que não é um robô. Sei lá, não me apeteceu, o ano está no fim, ando já a pensar noutra melodia para me embalar os quilómetros que faço até ao supermercado. Falo do ano estar no fim porque já estipulei que esta é a canção dois mil e quinze e que outra virá em janeiro, só por dizer que ainda ando a escolhê-la.
|21 novembro 2015|
Sem comentários:
Enviar um comentário