quarta-feira, 30 de setembro de 2020
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Mote
Estou na casa de um cliente. Daqui vê-se o Tejo. Antes que me esqueça, registo:
Preferes a viscosidade de um chato ou o desdém de um qualquer?
Foi o cliente, obviamente sem o saber, que me deu o mote para o registo acima.
Registo, ainda, que aqui há:
Um maço de tabaco no chão.
Ar condicionado barulhento.
Bananas de duas proveniências.
(notei dois selinhos, daí este pormenor)
Ar condicionado barulhento.
Bananas de duas proveniências.
(notei dois selinhos, daí este pormenor)
Infância
O Ângelo contou-me de um pedaço de programa de vida animal que tinha visto quando era criança - um hipopótamo virou-se contra um crocodilo que abocanhara uma gazela. Foi, portanto, uma defesa que o bicho fez, o que é surpreendente, parecendo até despropositado. Quero dizer: a mim parece. Esta questão lembrou-me do que vi num programa, também de vida animal – uma mãe, na iminência de sofrer um ataque, abandonou a sua cria para que o predador se fixasse no seu cheiro, já que uma cria com pouco tempo tem um odor quase imperceptível. Que consideração especialmente bonita tem a Natureza para com a criançada, não é? É. E é mais: é a Natureza tomando conta da continuação das espécies. Falo no plural porque me parece que este 'colo' é oferecido aos jovens e indefesos de todas as espécies. Quero dizer: a mim parece.
saudade
meu cavalo imenso e louco
a galopar na distância
entre o muito e entre o pouco
que me afasta da infância
Sete Letras, Ary dos Santos
a galopar na distância
entre o muito e entre o pouco
que me afasta da infância
Sete Letras, Ary dos Santos
Post triste
Tristeza espessa - adjectivo. Tristeza que espessa – verbo no presente indicativo na terceira pessoa do singular; verbo no imperativo na segunda pessoa do singular.
Espaçamento
Espaçar as consultas de acupuntura parece-me um óptimo incentivo à não reincidência no problema que tenho para eliminar. Mas a verdade é que estou um bocado triste. E não é com o espaçamento, é comigo.
Sonho
Pessoas, pessoas. Muitas pessoas. Pessoas no sonho. Zanzando. Era bom que este sonho fosse eu a passear pela baixa lisboeta e, daí, as pessoas e mais pessoas. Só que não. No sonho está uma certa inquietação. E pessoas. Apenas.
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Qualquer uma
Qualquer uma das árvores da rua mais bonita de Lisboa têm em si folhas amareladas, acastanhadas, enrugadas, carcomidas.
Árvore amarela
Árvore amarela, amiga, tens quinze dias para te pores tão amarela quanto estavas há dez anos. Vamos lá a ver se é este ano que te pões igual, já que nunca mais puseste.
Línguas
As minhas línguas voltaram. Ah, não se percebe nada, dizes tu, e eu: pois não, ora, querias o quê se as línguas são minhas?
Pois. Ah ah.
O que é que me livra do mal?
Dizerem-me que isto são tudo coisas da minha cabeça.
Se é da minha cabeça, então não são minhas.
Pois.
Ah ah.
Dizerem-me que isto são tudo coisas da minha cabeça.
Se é da minha cabeça, então não são minhas.
Pois.
Ah ah.
Almoços
Em cada almoço sobram dois ou três guardanapos.
Que transformo em quatro ou seis.
Que uso como quem usa as partes de um rolo de cozinha.
Que caíram ao chão, um dia desses aí. E logo tantos... Levei um desfalque do caraças, claro. Agora recuperar é que são elas. Elas, as durezas da vida.
Sonho
Sonhei com a minha sogra. Se calhar, por a minha mãe estar quase como ela estava, fui buscá-la. Será? São mães, afinal. Sonho de SSSS é este sonho. Que giro. E o tema nem pede gireza, nem nada.
domingo, 27 de setembro de 2020
pui ós pigos
pui ós pigos, lá: tirei três fotos à minha cadela, aqui: publico uma
pui ós pigos e, finalmente!, fiz um bolo com figos!
#semfiltro2020 |
pui ós pigos e, finalmente!, fiz um bolo com figos!
no centro é sem filtro, tem é um rebordo desfocado por modo a esconder defeitos na toalha |
sábado, 26 de setembro de 2020
Gina, numa relação com o supermercado.
Eia pá, tanto tempo há que não ponho estas coisinhazinhas do supermercado ao fresco, pois há? Pois há.
Ia-me esquecendo de pôr a mascaralha no trombil. Oh porra. Na verdade até esqueci, mas em poucochinho, dei logo pela falta, foi ali assim por alturas da abertura da porta automática.
Comprei pêras Nachy e kiwis minhons. Tudo coisas a estrear na minha cozinha.
Com a Julia Roberts, em cada vez que me calha como caixeira, e têm sido muitas, tenho feito assim:
calma
muita calma
calma, especialmente quando não há mais artigos no tapete do lado de lá e, do de cá, se amontoam
calma, calma, muita calma
uso mesmo de muita calma a arrumá-los
Se ela se acalma é que não sei. Mas sei que a gente por vezes vê o que quer ver. Isto quer portanto dizer que sim, ela acalma-se. Permanece parada, esperando que esta que vos escreve enfie as compras nos sacos. Calmamente.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Planos
Tenho que arrumar as malas de usar de quando em quando, digo eu aquele 'de quando em quando' que são as férias. Tanto as férias como viagens e passeios e assim. Estavam dentro da outra mala, a que joguei no lixo e para ali estão. Também tenho que lavar chãos e superfícies, tratar da roupa e da louça. E até das compras.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
auto-coisinhazinha
O Luís tem andado de volta de orçamentos – moto-orçamentos, ah ah – e hoje achei véri véri véri curioso que, quando vocalizou o valor em questão, o funcionário tenha fixado o seu olhar em mim. É bem possível que o poder feminino esteja na questão monetária.
Por entre coizinhazinhas tirei a foto acima porque curti o contrário das letras.
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
De passagens
Hoje passei duas vezes pela árvore amarela. Já tem muitas folhas amarelas, au eva, olhando mais e melhor, não tem assim tantas.
Lisboa, Lisboa
Ouvi cair a bolota, fez um poc! bem audível e fui ver por que caso teria sido uma queda tão barulhenta, descobrindo que é porque está muito verde, já que as que estão ao redor são acastanhadas. Ah, já me esquecia, a dita caiu da terceira árvore que encontra do lado esquerdo quem desce a rua mais bonita de Lisboa.
da saunde ofe sédnânsse
E é no primeiro dia inteiro de Outono que venho deixar o registo da minha canção triste do Verão dois mil e vinte. Dá na Rádio e... E aí está ela a dar na tristeza. Logo, logo.
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Vida
Esperando tão-somente o tempo passar. É assim com toda a gente. Não seremos diferentes, afinal.
Eu estive aqui
Seu Freitasse estaca frente à porta do estaminé, cumprimenta, pergunta por este, aquele e mais um e anuncia
que vai ali fazer um recado
que não vai já trabalhar
que veio mais cedo para fazer o tal recado
que vem já já já
Este cavalheiro é perito em fazer-me sentir esquisita e perdida. Por mor de quê ia eu ficar tristinha com a sua ausência...?
Meio-dia
Em certa altura, quando na casa de um cliente, ouvi um piano. Mas não era o mesmo piano e decerto não o mesmo pianista, que o lugar era outro. É que nem sequer era meio-dia, homessa.
Vem aí o Natal
Quando estávamos ao rés do Outono tive a ideia de fazer a Árvore de Natal logo que chegue a Outubro. E estou quase quase quase decidida a isso, ainda que preveja um certo aborrecimento de ver diariamente, e durante tanto tempo, luzinhas, fitas e bolas brilhantes e toda aquela parafernália vistosa que espalho pela casa. Mas é uma ideia gira e penso nisso seriamente
- fazer a Árvore de Natal logo aos primeiros de Outubro -
Entretanto fui pensando no assunto e, por entre, eis-me perante uma espécie de premonição, já que vivi duas aparições natalícias -
numa, um homem carregava um pinheiro natural
noutra, uns quantos ramos estavam no contentor do lixo
Premonição premonitória.
Outrossim importante é dizer-vos que:
Hoje, 22 de Setembro de 2020 é o primeiro dia de Outono, mas não é um dia inteiro, começou para aí ao meio-dia, ou lá que foi.
Material cirúrgico
Mesmo à frente do meu balcão, na calçada, aconteceu o insólito: cruzando-se duas mulheres, os fones de uma entrelaçaram-se nos elásticos da máscara de outra, por conta de virem ao pendurão, como que fora de serviço. É cómico também que ambas tenham enrubescido e pedido desculpas simultaneamente. E eu ali, na plateia. Gostei muito mas aplaudir teria parecido mal.
Fornecimento
Falando, não exactamente pelo lado bom, do desempenho do senhor Ernesto, a verdade é que ele embrulha as pás de obras em demasia. O embrulho é feito em película aderente, voltas e voltas daquilo, que custo a cortar, tal a espessura que tem. Passo a lâmina do x-ato no mesmo sítio uma carrada de vezes. É que o senhor Ernesto embrulha, não só a pá em si, como o cabo, e nem era preciso, pois, comparando à pá propriamente dita, o cabo é moleza.
é para pôr nos ouvidos
animação de luz
[e cor]
da escuridão não falo
[não muito]
há-a, para haver luz
__escuridão__
não há sem ela
__luz__
[e cor]
da escuridão não falo
[não muito]
há-a, para haver luz
__escuridão__
não há sem ela
__luz__
Fora d' horas
O post anterior foi escrito numa daquelas ocasiões em que estou em casa de clientes esperando que o meu colega termine o serviço para o qual foi contratado. Neste em particular, apercebi-me de um som que prenuncia o término do serviço – o correr do fecho da mala de ferramenta - que, ouvido de uma divisão diferente, tomou a questão pavloviana.
Descrição
A cozinha é gira, faz um U. Ao lado há uma pequena divisão com ares de lavandaria – máquina de lavar roupa, tábua de passar a ferro. Também tem a caldeira. Mesmo pequena, a divisão é separada por uma porta de vidro. Ficam, portanto, sendo duas. Duas em uma. Na parte que ainda não descrevi, está um estendal daqueles de coluna, com prateleiras quadriculadas, onde se pousam as roupas para secarem direitinhas. Fez-me confusão que o local não fosse lá muito arejado. É certo que há uma janela mas, chovendo, molhará a roupa e imaginei logo roupas que não secam, dias e dias de humidade, o cheiro a mofo entranhado, pronto, coisas assim. Não tenho nada a ver com isso, lá isso é.
Vendo bem...
O prospecto que está em cima do meu balcão anuncia que a empresa está há mais de cinquenta anos no mercado. É como eu, ando aqui a vender-me há esse tempo todo.
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
O horror
A verdade é que tenho horror a imitar. Seja o que for, seja quem for. Mormente o escrever. Isso então é-me insuportável. Mas é imitando que se aprende, não tivesse eu imitado as letrinhas que a dona Maria Elisa - a minha professora primária - manuscrevia no enormíssimo quadro e qual 'dias duma grafómana', qual quê.
Foi com orgulho
Foi com orgulho que a Josefa me mostrou um quadro que pintou no curso da Junta e que mandara emoldurar. Deslindei um cristo na cruz. Deslindei, principalmente, a cruz, o resto surgiu pelo correr da imagem, dos séculos que já perpassou, é uma coisa imediatista, a gente olha e pumba, sabe que aquilo é um cristo crucificado. Pois, não está bonito, o quadro da Josefa, não. Mas ó:
ponto número um
eu não faria melhor
ponto número dois
eu não faria melhor
ponto número três
eu não faria melhor
ad infinitum...
Bem vistas as coisas...
Como não distingo um parafuso de rosca M6 da de M8, já que a diferença é mínima – e sendo necessário distingui-los, claro - escolho uma qualquer porca dentre essas medidas e faço por acasalá-los. Acasale, ou então não, dissolvo a dúvida – um parafuso M6 apenas roça na rosca de uma porca M8 e um parafuso M8 não adentra uma porca M6. Ora bem, estou com esta conversa toda, não só com o intuito de vos baralhar, pois nada há mais empolgante do que querer perceber o que não se está a perceber, como para vos contar que, não tivesse eu dado este passo à frente do cliente que queria...
- Dois parafusinhos assim, menina, tem?
E vai o senhor e vê-me a testar porcas...
- Ah, já agora dê-me também duas porcas dessas.
Portanto: avolumei o negócio, que é coisa benfazeja.
doises e zeéroses
Estávamos no ano que contém os mesmíssimos algarismos que o corrente – 2002 / 2020, ah ah - quando, no velho estaminé, se optou pela facturação por computador. Até essa data, em cada manhã, logo que preenchia manualmente a primeira factura, eu firmava na memória qual o dia em que estava. Na sequência da era computorizada, deixei de ficar atinada com a data corrente, o sistema sabia-la. E nem se enganava. É que nem hipótese, qual quê.
Posta-restante:
domingo, 20 de setembro de 2020
Post com rosto
A rica filha transmitiu-me algumas aprendizagens que retirou daqui e dali.
- O retinol, é bom que se use. Este item não posso explanar porque não retive toda a informação, fiquei só com a palavra na memória e memorizei, lá está, que é bom que se use. Pesquisando agora mesmo um pouco, percebi que é vitamina A (clicar aqui).
- A maquineta é, no fundo no fundo, uma exfoliação que a gente faz, mas física, não química, como quando com os exfoliantes.
- O creme de olhos é uma mera luxúria, nem se sabe para que existe, não passa de um hidratante encarecido por conta de uma especificidade acrescida que, afinal, é fictícia. Quase enganadora, portanto.
- Todos os cosméticos deverão ser isentos de perfume. Todos. O perfume é uma coisa química, logo: tóxica. É-o numa escala diminuta, é, mas é.
A ver as vistas
Teve alguns segundos de imobilidade, o abacateiro. Mas depois, correndo a brisa, moveu-se um poucochinho de nada. Pensava eu, quando nesta observância, que preciso saber descansar e pedir ajuda. Do saber descansar é saber de saber se o que sinto não será preguiça, da ajuda é discernir se não é mas é pieguice da mais cobarde. Mas o abacateiro. O abacateiro lá estava então, céu cinzento por trás, brilho do sol pela frente. É curioso como um céu cinzento cria mais contraste nas folhas do que um azul. Que graça. Por estarmos ao rés do Outono, este condescende para com o fim do Verão. Eu cá, acho. Acho até que diz: - Vá, brilha lá mais um bocadinho nas folhas do abacateiro. Mas só desse lado, que daqui mando eu.
Sonho
Sonhei que estava atrasada e o cliente tinha ligado para o meu colega a saber de mim. Estranhei que ligasse para o meu colega e não para mim. Estranho isto também na realidade, há pessoas que perguntam ao meu colega como estou, ou o que é que eu disse, ao invés de me perguntarem a mim. Entretanto, por modo a despachar-me, pedi ajuda a quem podia pedir, neste caso: meros desconhecidos, e um desses sugeriu que me enfiasse na conduta do ar condicionado. Estranhei (outra estranheza) mas fiz-me ao caminho, tão resolvida e valente quanto na realidade sou, dizendo que não era a primeira vez que me enfiava num buraco assim. Pronto, a chatice é que sei lá eu se fui bem sucedida em tão perigosa expedição, o sonho quinou aqui.
Em que outro lugar, ou perante quem, contaria eu acerca de fotos?
Folgo, portanto, que tenha um blogue.
Incido neste tema porque me faltam coisinhazinhas acerca. Nas fotos do Alentejo que mostrei há dias faltou dizer que o pial em questão era o mais bonito da rua, sim senhoras e senhores, mas porque, à época, estava bem conservado. Actualmente não. O que se deve, presumo, ao facto de a casa estar desabitada há largos anos. Portanto, para contextualizar, cá ficam outras vez as fotos, não sem antes ressalvar na primeira foto: o pó, a terra espalhada, as teias (não sei se dá para ver mas estavam lá) e, na segunda: a tinta lascada, a pega ferrugenta, a fechadura universal (ainda corrente, mas...), o espelho montado na horizontal. Nesta última nada contra, ora essa, é '(de)formação profissional', expressão que não me pertence mas de que gosto pra caraças. Ah, e, como na primeira foto tive tanta mas tanta dificuldade em que ficasse alinhada que, na verdade, está mas é desalinhada, chegando ao segundo clique, rendi-me e inclinei o telefone por modo a parecer uma foto propositadamente entortada. Agora é que é:
Em que outro lugar, ou perante quem, contaria eu acerca da foto da calçada?
Folgo, portanto, que tenha um lbogue... ai perdão, blogue.
A foto abaixo foi tirada perto do Poceirão, aqui há dias. Tirei outras, sob outra perspectiva, que publiquei no blogue ao depois de lhes pôr umas macacadas. Mas esta. Ora bem, esta tem o filtro Fairy do LunaPic, mas a meio da intensidade, e com as cores do filtro, não com as da foto. Id est: cada filtro do naipe 'Arte' tem duas hipóteses: as cores do estilo e o estilo com as cores da foto. Depois, há ainda a já referida intensidade. Voltando à foto, cortei-lhe um pouquinho na base, considerei demasiada calçada. No mais, pá, é isto:
olás
olá, cumprimentou o computador, em letrinhas
olá, retribuí, em sons
devo já ter dado por este cumprimento por parte do computador em algum dia da minha vida
mas nunca me tinha dedicado a pô-lo no blogue
e vão duas, neste caso
pui ós pigos
as chuvas dos últimos dias fizeram aparecer bolor na casca de alguns figos e, a outros, diluiram-lhes o sabor
lamentavelmente
au eva, trouxe para aí uns trinta
sábado, 19 de setembro de 2020
Conversa de cemitério
A vegetação amarela está em primeiro plano. O plano de fundo são ciprestes que pertencem ao cemitério. Achei o conjunto harmonioso, embora não saiba traduzir esta harmonia. Um cemitério é sobretudo um lugar misterioso, talvez venha daí este não-saber traduzir a beleza que vi na junção de distâncias, na sobreposição de cores. Quiçá tema estragar a dita harmonia se me puser para aqui com macacadas tolas (as macacadas são todas tolas, continuo a gostar muito de redundâncias). Não tenho muitas partes com aquele cemitério. Quem lá está, que eu saiba, é o Paulinho, o bebé, o Ti Menezes, o escritor, talvez a Ti Leonarda, talvez o Calisto. Ou o Malhão. Nesse lugar onde tive a visão cheirava a fim de tarde de fim de Verão. Incrivelmente, ali é uma das margens de um riacho, que, por alturas do calor, vai seco. Mas a margem é alta, se quiser aceder ao leito seco tenho um percurso demasiado íngreme para fazer, e não quero. Do outro lado, mais à esquerda, há uma figueira, à direita uma nora. Ou o que resta dela. Não longe há uma casa enorme, bonita, bem tratada. Há também um prado onde um rebanho se alimenta todos os dias. Esse posso eu ver da minha varanda. Ficamos então com este retrato: rebanho à solta num prado verdejante, balir de ovelhas e tilintar de chocalhos. Sempre é mais bonito do que uma tola conversa de cemitério.
Supostamente
Tenho três frasquinhos. Dois são de essências - um de baunilha, um de café e um é de, não de essência, mas de aroma, e de amêndoa. Se há diferenças entre essências e aromas, não sei, mas sei que é o que dizem os frasquinhos. Estão, todos três, fora de prazo, o aroma de amêndoa terminou o bom estado em 05/2013, a essência de café em 01/2015 e a de baunilha em 04/2015. Isto do bom estado é suposto, claro. E digo tanto para o antes como para o depois de ultrapassados os prazos estipulados pelo fabricante. Ou pelas normas, se calhar é mais isso. Sim, vou jogar tudo no lixo já a seguir, só tenho os frasquinhos aqui à minha frente para construir este post com a veracidade descrita nos ditos. Ah, e esta veracidade é também suposta.
Passarinhos sem gaiola
À ida para o supermercado, dois passarinhos (podia dizer pardais mas sei lá se o erma... ai perdão, eram [eram pequerruchos, pronto]), em duas vezes cada, sobrevoaram o pára-brisas, precisamente na parte do 'oh-oh-oh, se te amo...' Nada lhes acontecendo, quiçá pela força do amor expressa na canção. Pá, eu cá não queria nada que os bichos se esborrachassem à minha frente...
Bolso roto
Cortei um bolso da minha mochila. Era uma parte em que cabiam dois bolsos, num, o mais pequeno, punha o telefone. Julgava-o, aí, privado de choques. No outro bolso, o maior, punha as canetas, o coldre, o bloquinho rudimentar e as chaves do estaminé.
A propósito de chaves, ando há meses com um costume saudável: chego ao estaminé e retiro tudo o que não interessa estar dentro da mochila ao longo do dia de trabalho: outros grupos de chaves, o cabo de alimentação do telefone e a pen.
Mas o bolso 2 em 1 que cortei.
Ora bem, o forro do bolso onde punha o telefone rasgou-se, o que fazia com que as canetas e as chaves aborrecessem o meu amado telefone, por isso cortei então essa parte. Não vou dizer que esses pertences tenham ficado sem poiso, mudei-lhes o poiso, foi só isso. Na minha mochila o que não falta são bolsos, portanto: o telefone passa para o bolso de dentro e as canetas, o coldre e o bloquinho rudimentar passam a andar aos rebolões com toda a sorte de outras coisas que povoam a minha mochila, id est: carteira, porta-moedas, caderno...
letrinhas
<br algu="" br="" casa="" caso="" clientes="" de="" di="" em="" escreve="" m="" or="" que="" rio="" um="" /><br />
Assim de repente parece que o novo interface do Blogger é uma merda. Mas como raio é que paragrafo sem ter que me pôr com HTMLs da treta? Digo: cotovelo esquerdo, bê, érre, cotovelo direito. E aquilo de confirmar se quero meeeeesmo publicar a mensagem, é pra quê? Acaso fará com que me não engane numa letrinha, numa informação, num dado? E a publicação de fotos, esquisita que está? Oh! E eu que gostava tanto, mas tanto, de ver as fotos em tamanho médio e ao lado umas das outras. Ou em pequenino, vá. Todas alinhadas e tal. O pior é que não se pode voltar ao antigo interface. É uma chatice. Tenho a minha vida desfeita. Ah, acima está a salgalhada, a confusão, a ilegibilidade desesperante que Mr. Blogger conseguiu, convertendo a seu bel-prazer umas frases que constam no post anterior, desconhecendo eu por que caso ou figura o terá feito. Mas está giro. Tem uma aparência fixe, vá. É, concordo. Pá, eu, já sabe, tudo o que seja letrinhas...
Olás!
Olá!, cumprimenta o computador quando o abro.
Olá, respondo.
Ontem fui para a cama a pensar no último post que escrevi, considerando que está mas é uma mescla indecifrável acerca de trabalho e escrita, que só perceberá quem lê o blogue há algum tempo, e regularmente. A quem apareça de novo, dúvidas surgirão –
Cliente?
E ela põe-se a escrever na casa de clientes?
E o que faz o colega ali?
Como assim conhece-lhe o escrever?
É assim: o meu colega trabalha na avaria
(trabalhamos com manutenção doméstica) para o qual o/a cliente o chamou e eu vou de arrasto com ele, mormente se é serviço após o fecho do estaminé, porque, dali, viremos para casa. Nesse post de ontem, enquanto esperava que ele terminasse o serviço (abro este parêntesis para desvendar que o serviço era a reparação de um fecho de janela de alumínio, é para ficarem com uma ideia geral da já referida manutenção doméstica), escrevi no caderno, aproveitando para registar o momento que estava (estávamos) a viver. Mas há outras vezes em que me ponho de roda do telefone, a editar fotos, ou a cuscar o Instagram e os blogues, ou mesmo a escrever, que também escrevo no telefone. O blogue tem muitas, mesmo muitas, coisas que escrevi por inteiro ou apontei tópicos enquanto estou em casa de clientes, esperando pelo meu colega, mas nem sempre acontece dizer-vos 'ah, este post foi escrito em casa de fulano, ah, este foi no sítio tal'.
Se ainda assim subsistir uma dúvida... -
Mas afinal quem é este colega?!
Pá, cliquem aqui.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Terceiro direito
Estou na praça que não é a mai linda de Lisboa, número não sei quê, terceiro direito. É a morada – por assim dizer, claro – da cliente fora d' horas. Que se espantou com o facto de eu estar a escrever num caderno e brincou.
- Está a escrever um diário?
E eu que sim. Porque estou. E percebo que se espantem e brinquem. O meu colega, que me conhece tão bem como pessoa que escreve coisas, até acrescentou:
- Ela está sempre a escrever.
Após o espanto, a senhora revelou-nos que na altura da universidade escrevia muito mas actualmente fá-lo cada vez menos por causa do computador. Fiquei com vontade de esmiuçar a questão – como assim, por causa do computador? Hum?! Olhe eu aqui!
Mas a cliente.
Acrescentou que não quer que ninguém leia os seus diários mas não tem coragem de os queimar, embora sinta que deve fazê-lo.
- Os diários são demasiado pessoais para os meus filhos lerem. - Disse.
Concordo. É libertador escrever sem leitores à vista, um diarista de caderno vive numa espécie de inocência. Num lugar cómodo, vá. Não. Num lugar protegido. Mas recluso. O que, sob algumas perspectivas, não tem graça nenhuma. Em certa altura pensei que, por me ver escrever tantas coisas no caderno, não tardaria a perguntar-me se gosto de ler. E a gente ali no meio dos seus livros. As paredes tapadas por lombadas. E eu responderia o quê? (O costume.)
- Ah, não consigo ler... Ah, é porque escrevo. Ah, se não estou a escrever no caderno então estou a escrever as coisas na minha cabeça. Ah, sou grafómana. Ah. Ah. Ah.
Nota que me é mui necessária:
Fique então assente que deixo dezoito posts em rascunho, nove prontíssimos, nove incipientes. É este um registo de hoje, sim senhoras e senhores, mas é o comum dos meus dias.
Nota que me é mui necessária:
Fique então assente que deixo dezoito posts em rascunho, nove prontíssimos, nove incipientes. É este um registo de hoje, sim senhoras e senhores, mas é o comum dos meus dias.
Lisboa, Lisboa
Da parte da tarde a chuva veio tocada a vento. Bem sei que 'tocada a vento' é um chavão, mas é um dos bonitos, irresistíveis, e gosto de pensar que os sons da chuva é a música do ambiente.
E é, pois é?
E é, pois é?
Toques
Estive num fornecedor daqueles com balcão. Calhou de a pistola estar na mira do código de barras e o pip! - existindo - ser abafado pelo toque do telefone. Agora sei que era o toque do telefone, mas na hora cuidei de advir da pistola. Sendo, seria um pip! bem bonito. Entretanto, o funcionário deixou o meu troco pendurado para atender o telefone e foi aqui que fiquei sabedora da origem do toque. Compreendi o esquecimento do funcionário, afinal estridência nenhuma houve no tom com que falei. Pá, o meu toque é diferente, lá isso é.
Trás para a frente
«Então, mas os museus servem para serem visitados!» foi a conclusão a que o meu colega chegou quando alguém lhe disse que as mulheres de idade avançada são «por trás: liceu; pela frente: museu». Encontrei montes de piada na expressão, já fica para quando for mais museu do que já sou, uma vez que mais liceu do que isto me será difícil. Ah, e encontrei duas vezes montes de piada na conclusão do meu colega, óbvio.
Brincadeiras
Encontrei uma parte de brinquedo num dos cimos do estaminé (foto). Em tempos, o que não faltou foi a presença dos ricos filhos pelo estaminé e não duvido que esta rodinha tenha ido parar lá acima porque, pá, pronto, sossegados como eles eram, que não se entretiam com coisa nenhuma, oh pobres crianças...
Quando dei com a dita comentei com o meu colega:
«Ulha! Já viste o que aqui está?»
E ele que sim, por várias vezes, mas deixa ficar, faz de recordação de um tempo passado. Concordei. Imitei. Recordarei. E, doravante, está até no blogue.
Olha eles
Olha o cliente (surpreso) para o meu colega:
Ah, o senhor tem ali uma broca grande...
Olha o meu colega (confiante) para o cliente:
Sim, e também tenho uma mais grossa.
Para isto ficar mesmo xiru! era o cliente (esperançado) ter respondido:
Ena!
Só que não.
Ah, o senhor tem ali uma broca grande...
Olha o meu colega (confiante) para o cliente:
Sim, e também tenho uma mais grossa.
Para isto ficar mesmo xiru! era o cliente (esperançado) ter respondido:
Ena!
Só que não.
«É de manhã que se começa o dia.»
A vizinha do primeiro esquerdo atravessava a praceta. Vinha com a expressão franzida pelo desagrado em receber a chuva.
«Não vim prevenida!»
É assim o cunho das primeiras chuvas – a surpresa, o inesperado. E estamos ao rés do Outono, olha se não. Ah, e «é de manhã que se começa o dia», diz-se, vai até para título tão sábio dizer.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Não tenho nada a ver com isso.
A prestabilidade vai ter com a bisbilhotice.
Mora nas redondezas?
O que é que quer fazer?
E é para colocar onde?
Não tenho nada a ver com isso, pois não, mas só depois de saber as respostas a estas perguntas. Enfim, cenas de balcão.
'Prestabilidade' não fica bem na história, noto agora, mas é uma palavra tão bonita que a deixo ficar. Substituo aqui por 'análise'.
Mora nas redondezas?
O que é que quer fazer?
E é para colocar onde?
Não tenho nada a ver com isso, pois não, mas só depois de saber as respostas a estas perguntas. Enfim, cenas de balcão.
'Prestabilidade' não fica bem na história, noto agora, mas é uma palavra tão bonita que a deixo ficar. Substituo aqui por 'análise'.
Quando os duplos não dobram.
Os vidros das janelas da senhora, lá por serem duplos, não me dão trabalho a dobrar. Tivesse eu acesso ao entremeio e.
Hoje está de chuva.
chhchhchhchhchh...
O barulho que faz, ou coisa assim.
Hoje está de chuva.
Sinto alguma estranheza e um poucochinho de desajuste. Sim. Mas, geralmente, não me deixo ficar a pensar nisso. E faz-me igualmente o muito sol, a muita claridade, o horizonte difuso. São sensações. Obviamente não iguais, nem os cheiros deixariam que se igualassem – se cheira a chuva, então, a sol é que não vai cheirar.
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Já deixei o Alentejo
No post anterior dei o mesmo título que a este por, precisamente, vir falar de fins. Sinto fins quando olho para os meus pais. É certo que já lhes pressinto os fins há alguns anos mas não eram tão fins como são agora – a minha mãe está muito doente, o meu pai está muito velho. São constatações que me deixam triste e pode esta tristeza ser uma daquelas capazes, devidas, e é até bonita. E não estou a ser irónica, estou é a lembrar-me de no outro dia ter apresentado no blogue a ideia de que é melhor que as minhas tristezas sejam tolas e infundadas, pois, não sendo, então são tristezas de que não sou a única sofredora. Mas as fotos do Alentejo, que eu bem vinha falar delas. Ora bem, há dias pus no blogue duas fotos de uma porta e de um pial. O pial encanta-me desde sempre. Dantes, nos idos anos da minha infância, todas as portas daquela rua tinham um pial, uns com um degrau, outros com dois, e, se bem me lembro, havia um com três. Divertia-me percorrer a rua para os comparar – ah este é cinzento, ah este é castanho, ah este é feio e... tcharan!, este é lindo! Se comparado com os restantes da sua espécie, o pial retratado era liso, aprumado, vistoso. Era o meu preferido. Actualmente é o único pial de toda a rua, todas as outras casas foram remodeladas e em nenhuma se manteve os piais à moda do Alentejo. Recordo também que as paredes terminavam (ou começavam, sei lá), aliás, as casas eram, e são assentes em xisto, daí que na base se visse partes dessas rochas, que lascam facilmente. Para mim eram pedras que escreviam, obviamente porque escreviam. Passava algum do meu tempo a escolher a melhor pedra, a mais pequena, a mais confortável, para escrever em outras rochas. O que escrevia não sei, talvez o nome e a data. Saio ao meu pai, e 'quem sai aos seus não degenera', lá diz o ditado. Abaixo do texto estão mais fotos, são umas que têm agora lugar no blogue. Lá pode ver-se que o meu pai tem o costume de datar tudo. E também guarda inutilidades e com elas decora os espaços. Como eu. Pois.
Já deixei o Alentejo
É certo que os meus pais estão no fim da linha mas, lá que há coisas boas, há.
- A minha mãe apresentou-me às senhoras do Apoio, orgulhosa, digo até alegre
- O meu pai contou-me que dá de vaia aos netos (os meus ricos filhos) em cada vez que passa pela arca onde repousam as fotografias deles.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Boa noite
O relógio da torre marcava as onze e meia da noite. Digo da noite porque já era de noite quando lá passei, embora ainda noitinha - vinte e onze, disse-me o relógio digital. Nunca batem certo, estes dois. Mesmo que amanhã lá passe às onze e meia, não vão ser vinte e onze no relógio digital da minha viatura porque a velocidade deles é diferente.
Post com bandeja
Deixei a cabeça de uma boneca em cima de um pratinho de brincar. Depois lembrei-me daquela passagem bíblica em que a cabeça de João Baptista é oferecida numa bandeja, o que me fez alguma impressão. Mas, como descreio que a menina conheça esta história, lá ficou a cabeça da boneca em jeito de manjar. Dos deuses. Não. Homessa, que tola ironia.
Sinto uma certa nostalgia dos tempos em que falava com a menina por meio de gestos, lá isso é verdade, mas agora converso presencialmente com o gatinho amarelo, o que é quase a mesma coisa. Isto porque, por entre as correrias do bicho, posso acreditar que me ouviu quando reflecti acerca do seu comportamento amalucado e o avisei:
- Miau, olha, em a gente chegando a adultos perdemos toda a graça. Tu aproveita.
Mas, reflicto agora, isso é uma questão humana, o gatinho amarelo jamais perderá a graça, nem mesmo quando já for gato.
Pés de igualdade
Os gasolineiros são dois e estão vestidos de igual. É que até calçados de igual eles estão. Lembrei-me de um gasolineiro que em tempos via regularmente e me divertia a notar com que semblante atendia os clientes e a decifrar como se encontrava o seu espírito. Bom, na verdade o semblante era sempre o mesmo e era precisamente daí que vinha a empolgação em notar diferenças em avistamentos futuros. Ah, e não haver diferenças no semblante não indica sempre o mesmo estado interior, diz-me isto a experiência, a do balcão e as outras.
15 do 9 de 2020
De manhã, em Loures, choveu uma daquelas chuvas que seca ainda no ar e que, se chega à pele, logo evapora. Questão veraneante, de quando o Verão está a poucos dias de seu fim.
ingues
Se é normal, ou corriqueiro, vá, que uma firma de pinturas tenha 'painting' em seu nome, já 'vending'... Né? É bem capaz. Pelo que apurei, vending é dispensar, distribuir, não propriamente vender, mas nas pesquisas foram surgindo máquinas dispensadoras de artigos, daquelas de pôr moedinhas na ranhura e saírem os escolhidos por canais. Ou túneis, vá.
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
Os tempos
Dantes via o Tejo por entre os prédios só enquanto sacudia os tapetes, o que é nada de tempo, agora vejo-o também durante o tempo que levo a roer tudo o que está à volta do caroço do pêssego, o que, comparando, é horas infinitas.
Na hora do café
O senhor da cafetaria barra mercearia mandou-me um zangado 'bom dia'. O melhor disto é que não é nada comigo. Também dei atenção ao som ambiente, obra de uma das estações de Rádio que emitem sobretudo canções antigas -
(na adolescência a solidez era leve, como o amor, claro)
domingo, 13 de setembro de 2020
Sete
Quando tinha sete anos faltava-me os dois dentes da frente, empoleirava-me em tijolos para espreitar o campo de futebol quando vinha de lá barulho, subia quase nada do pinheiro por trás da sebe e sonhava com uma bicicleta.
onde estive, estive a preto e branco
Fechei os olhos por momentos, por várias vezes. Sempre que os abria via tudo cinzento. Não só o alcatrão como as árvores e o céu. Entretanto a normalidade cromática chegava.
Quando ia à minha frente um carro que na matrícula tinha as letras MU, notei desenhado num tronco de árvore a cabeça de uma vaca. Ou boi.
Uma manada era sobrevoada por não sei que passarada. À frente, pedras estavam distribuídas num terreno.
pui ós pigos
Fui aos figos ontem e pus uma carrada deles a congelar. Que me lembre nunca tal fiz mas tenho ouvido dizer que ficam bem depois de descongelar, praticamente na mesma, de maneiras que pronto, a ver vou se é como ouvi ou então não. Apanhar figos é bastante engraçado. A princípio não se vê quase nenhum em condições. Depois apura-se a visão e vai-se descobrindo um ou outro. Quando achamos que já chega tanto figo nos sacos é vê-los a surgir. Não sei onde raio se meteram logo ao princípio.
É domingo
Acordo cedo. Mesmo ao domingo. Em chegando o frio, é certo que me levantarei não logo que acorde - por, precisamente, estar frio, o corpo pede o quentinho e a cabeça diz que sim.
sábado, 12 de setembro de 2020
faz de conta que me deu uma branca
contar tudo sem revelar tudo é pertença da poesia
- tu dizes-me sem te dizeres -
- tu dizes-me sem te dizeres -
Vem! Sobe! Digo-te tudo!
Eis Setembro! Fiz-me presente para retomar os treinos presenciais no Ginásio e quis logo ser submetida à presença da balança.
Estou gordíssima, pois claro, a porra da quarentena, pá... Mas venho falar de outro valor.
Era uma vez uma balança que cuspia papelinhos que eu podia guardar e apreciar sempre que quisesse elevar a alma até ao piso da felicidade.
- E olhem outra vez a cabine de elevador. -
Pois bem, a balança foi substituída por uma que só mostra os números no ecrã, nada de papelinhos. Todas - ou, neste caso, quase todas – as classes apresentadas são as mesmas, peso, gordura, líquidos e outras coisas que não sei explicar. Há, porém, uma novidade, esta balança dita uma idade metabólica. Hum-hum. A minha idade metabólica é trinta e sete anos. E eu nem vos vou revelar há quantos anos nasci. Não neste post. A diferença é abismal. Não sei se ria ou se chore. É melhor chorar, claro. Ah, e estou a ser irónica.
- E olhem outra vez a cabine de elevador. -
Pois bem, a balança foi substituída por uma que só mostra os números no ecrã, nada de papelinhos. Todas - ou, neste caso, quase todas – as classes apresentadas são as mesmas, peso, gordura, líquidos e outras coisas que não sei explicar. Há, porém, uma novidade, esta balança dita uma idade metabólica. Hum-hum. A minha idade metabólica é trinta e sete anos. E eu nem vos vou revelar há quantos anos nasci. Não neste post. A diferença é abismal. Não sei se ria ou se chore. É melhor chorar, claro. Ah, e estou a ser irónica.
Cabine de elevador
Não saber porque (e até por que) se está infeliz é estúpido, sim senhoras e senhores, mas é melhor não saber. Pois. E sim, estou a repetir-me, já no outro dia vim descrever esta questiúncula, mas é que me lembrei de uma cabine de elevador, imaginária, para elevar o tema. Só não sei a quê. Hum, de questiúncula a questão...? Pode ser. Então vá.
(tudo faz parte, até a falsidade)
'Make, not fake' vi eu sei lá onde. Nunca mal algum vi na maquilhagem, embora saiba que existe para melhorar o aspecto e, quando as pessoas se sentem bem, seja lá por que motivo for, é bom. Contudo, e porque sempre se pode pôr maldade numa merda qualquer, como não antever que a maquilhagem é uma falsidade? Pois é, pensei eu há pouco, enquanto lavava a cara com um produto escrupulosamente escolhido. Não tivesse a Humanidade sempre, mas sempre, o propósito de melhorar... E estávamos onde? É que nem a roda cá rodava nem nada.
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
A sexta-feira e a iminência do fim-de-semana
O meu colega estava de saída para um trabalho no exterior e despediu-se da cliente que eu estava a atender:
- Então boa tarde.
E de resposta:
- Obrigada boa tarde bom fim de semana.
Se ela falou de rajada, num só tom e se estou na enga de imitar a vida tal como ela é, então é bem pontuado o que escrevi acima. Com o decurso do atendimento percebi que a senhora estava era cheia de pressa. Levei um bocadinho mais de tempo a enfiar as chaves na argola e enganei-me a digitar o nif que me ditou. Só isso. Vá lá vá lá que a impressora não empancou.
Visto do balcão
Manhã
Se eu fixar a calçada defronte, transponho os recortes quando fixo, depois, o chão do estaminé
(é uma invenção dos olhos)
Tarde
Focos de luz na calçada deste lado é aberturas das janelas dos andares mais altos no lado oposto
(não é trote dos olhos)
Lisboa, Lisboa
Precisei de ir ao nepalês da frutaria e de caminho levei o papel para encher o contentor azul.
Não querendo fazer meia-volta-volver, contornei uma esquina diferente.
Não querendo fazer meia-volta-volver, contornei uma esquina diferente.
Precisei de entregar uma factura num cliente e de caminho levei mais papel para apequenar o espaço vazio no contentor azul.
Não querendo fazer meia-volta-volver, segui em frente para subir a rua. A dona Laura lavava a porta do número 100. Avistei a assinatura na parede da estação, relembrando quão engraçada ficaria uma foto com a visão – entrada para o túnel e a vistosa (e verde!) assinatura, gente subindo a escadaria, gente subindo a avenida. Nem todos mascarados mas todos desgovernados, ou seja: cada um na sua vidinha. Contei quantas pessoas conheço de toda aquela gente e resultou em duas. Esta segunda volta foi melhor, contabilizo também, já agora.
Não querendo fazer meia-volta-volver, segui em frente para subir a rua. A dona Laura lavava a porta do número 100. Avistei a assinatura na parede da estação, relembrando quão engraçada ficaria uma foto com a visão – entrada para o túnel e a vistosa (e verde!) assinatura, gente subindo a escadaria, gente subindo a avenida. Nem todos mascarados mas todos desgovernados, ou seja: cada um na sua vidinha. Contei quantas pessoas conheço de toda aquela gente e resultou em duas. Esta segunda volta foi melhor, contabilizo também, já agora.
Lisboa, Lisboa
Estamos em Setembro, é sexta-feira e são dez da manhã. Lisboa está muito silenciosa. Muito. Melhor fora, para enganar a calma (que, incrivelmente, pressinto falsa), ter calçado uns saltinhos.
Chá fresquinho
Há dias, seu Freitasse veio de oferecedor e estendeu-me uma lata de chá fresquinho, comprado aqui ao lado. Hum, e eu que não gosto nada de chás elevados a ice... Como reagir em situações como esta? Dizer 'ah obrigada mas não gosto', pois claro. Mas eu não. Perdi-me, nem sei que expressão mostrei enquanto agradecia e aceitava a lata e a punha de lado, mas quero crer (às vezes é preciso crer, não só para parecer como para ser) que fiz um bonito jeito, agradecendo e sorrindo. Ou seja: portei-me de acordo com o esperável.
Árvores
Se as árvores são o que são, se as coisas e até as árvores, quero eu dizer, então eu é que construo a árvore amarela. É como aquilo de ser feliz porque me estou a fazer disso. Tal e qual. Eu é que, eu é que, eu é que.
ressalva, ou memorando, acerca de uma ideia anterior:
A ver se para todo o sempre me lembro de trocar a 'coragem' por 'alento'. Não sendo a mesma coisa, é mesmo a mesma coisa. Isto eu querendo. Fazendo. A coragem é redutora.
Alento, Coragem → São Sinónimos
Sonho
Sonhei que havia uma festa de arromba, cheia de gente.
[E crianças.]
[Sim.]
Havia jogos, ou lá que era aquilo, havia, pelo menos, uma enorme movimentação, com alguém orientando tarefas... Pá, algo assim. O que eu sei - id est: recordo – é que uma casa de madeira tinha sido desmantelada e o entulho estava caído, precisamente, oh porra, por cima da árvore amarela. Via-se-lhe somente para aí quê, duas ou três ramagens emergindo dos escombros. Foi o horror. A minha árvore amarela quase matada, quase morrida.
De manhã passei por ela – tudo conforme 'migos.
De manhã passei por ela – tudo conforme 'migos.
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Reentrância
O espelho da fechadura não! devia ter a reentrância (que serve para facilitar a remoção do espelho) em cima, à vista de todo o olho. A reentrância é uma menina feia, montador nenhum lhe pode dar este destaque, que é lá isso.
(dou sempre aquele toque de poesia às minhas cenas, pois dou)
(dou sempre aquele toque de poesia às minhas cenas, pois dou)
Sonho
Sonhei que umas crianças esperavam que eu saísse do carro para me cumprimentarem. E estavam expectantes, estavam. E animadas.
Lisboa, Lisboa
E eu a dizer que a caravela se me mostra de lado sempre mas sempre... É que nada disso. No outro dia, há até bastantes dias, olhei por entre as árvores e vi-a. Então, propus-me logo mas logo a tirar uma foto um outro dia que por ali passasse. E calha de ser um lugar onde passo muitas vezesm mas nunca mais calhava de ter o expediente para os cliques, até há dois dias. Ei-la:
Coisas
Não é uma nota de vinte euros nem é um limão.
É uma pecinha de jogo ou brinquedo que imita uma nota de vinte e é um limão quando no estado recém-nascido.
A primeira foi o meu colega que encontrou e mo mostrou e depois resolvi pôr em foto.
O segundo veio do limoeiro do Gualter. Só não lembro se o arranquei da mãe mas estou em crer que sim.
Entretanto quis pôr-lhes filtros do LunaPic.
O de cima é Fairy a meio do máximo.
O de baixo é Paper Folding a cinquenta por cento.
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Coisas
A rolha existe na foto porque andei de volta delas, a encaixotá-las, e agrupá-las, a etiquetá-las. Na caixa destas rolhas até designei que são as rolhas 'chapéuzinho' (bem sei que não se vê porra nenhuma, mas gosto de escurecer as fotos até mais não) porque é o que pode parecer, em a gente querendo. Como caiu uma e não dei por isso, já tinha tudo arrumadinho quando a vi no chão e olha, pu-la para aqui. Chamei desde sempre 'chapéuzinho' a este tipo de rolha, deve ser em simplicidades assim que reside a minha pessoa normal.
O dizer 'frutos silvestres' é parte de um papel de rebuçado feito de uma miscelânea de textura caramelizada.
A fita foi comigo de férias, serviu para puxar facilmente a mini máquina de dentro do invólucro protector de humidades e poeiras.
terça-feira, 8 de setembro de 2020
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
domingo, 6 de setembro de 2020
Post com título
Ouvi dizer que os influencers não precisam de chorar as aflições nem de confessar imoralidades para conseguir cliques nas suas redes. Se bem que isso aproxime o público que, habitualmente, busca alguma espécie de igualdade - e isto quem diz sou eu. É assim até com os livros, agora me lembro, as histórias têm que 'dizer' algo condizente comigo. E os blogues. É, os blogues também.
Ah!
Descobri – num repente, pois claro, como é exclusivo de qualquer descoberta – que melhor será ter as questões desarrazoadas na cabeça, encavalitá-las até não caberem mais e me parecer que tenho ali um problemão da porra, do que preocupar-me com problemas reais.
Cortar o cabelo
No salão de cabeleireiro, enquanto tesouradas me aliviavam de pontas nada espigadas, mirei a recepcionista, folheando a agenda para escolher datas com horas livres. O giro é que vi o contrário de folhear e tal nunca antes vira - que me lembre, não. E notem que não me refiro ao manuscrever da recepcionista que, por estar espelhada, o fazia à canha, o que não é anormalidade nenhuma, refiro-me ao folhear. É que não tem jeito nenhum, e por isso é que foi tão giro de ver.
Adenda posterior à publicação:
Fui cortar o cabelo porque o fio do porta-chaves ficava preso nas longas melenas, quando o retirava do pescoço, e também porque ficava por dentro das golas, se altas.
De nada, ora essa, mal seria a vida não me ser uma trapalhada.
Velocidade
Com que velocidade terá a mosca que rasar a ponta da toalha de mesa por modo a abaná-la?
Não sei.
A ponta da toalha moveu-se com o vento que o voo da mosca gerou. A mosca era uma varejeira (mais pesado o corpo, mais alta a velocidade). E eu regressei de um outro mundo, que não o da minha cozinha.
da saunde ofe sailance
and the sign flashed out its warning
in the words that it was forming
and the sign said
the words of the prophets are written on the subway walls
and tenement halls
and whispered in the sound of silence
The Sound Of Silence, Simon & Garfunkel
in the words that it was forming
and the sign said
the words of the prophets are written on the subway walls
and tenement halls
and whispered in the sound of silence
The Sound Of Silence, Simon & Garfunkel
G*G**
*Guardo
**Guardanapos no mesmo bolso que os papelinhozinhos que usei - e usarei, em vindo tempo disso - para apontar a mesmíssima frase que queria ver espalhada por Lisboa.
Disto resulta que quando retiro os guardanapos os papelinhozinhos vêm com eles, o que mos traz à memória e eu não queria lembrá-los assim.
Cidade
Uma vez, nesta mesma rua da minha cidade, cruzei-me com um desconhecido que me cumprimentou com um alegre 'bom dia'. Não consigo imaginar com que tom de voz respondi ao cumprimento mas, este desconhecido, seguidamente, quiçá por estarmos ao início da pandemia, estacou para me oferecer frases do tipo 'temos que continuar a viver' e 'tudo vai passar'. O tom dele foi o de um ancião bué da experiente com angústias e, portanto, capaz de conselhos bué da adequados. Pelo menos foi o que me pareceu e, como diz um conhecido meu: «a história é minha, conto-a como eu quiser».
pui ós pigos
Primeiro pensei que não, ora essa, então vou lá pôr filtros nos figos (a foto acima não tem filtros), uma matéria tão básica, vadia, corriqueira e especial em simultâneo, qual quê, não. Mas irresisti às modernices de que disponho no telefone e pus-me a experimentar como ficavam com a cor extraída, que (neste caso) os isola em cor natural, mas no muro havia também uns azuis, desapercebidos não fosse a tal extração (e mesmo assim malse notam), que remete o resto para o preto e branco, continuei com o filtro literário, que faz os verdes parecerem uma coisa arranjada, tipo de fabrico, imitando o natural, sei lá, talvez mais azulados, e voltei a clicar na extração de cor... Enfim, eis então esses figos filtrados:
sábado, 5 de setembro de 2020
Loures, 5 de Setembro de 2020
A rica filha faz hoje anos, 29, que não são os que eu tinha quando ela nasceu. Mas, há dias pus-me a pensar e concluí que são os anos que eu tinha quando o mano tinha a idade que ela tinha quando ele nasceu - 3. Adoro números, eu. Também. Pois. Se no post do mano (link acima) falei de parecenças que a gente os dois tem, neste não venho falar de parecenças que da gente as duas tenhamos. Entrei no blogue e escolhi um post de que gostei, simplesmente. Mas antes registo duas situações actuais e que, na verdade, são de hoje:
uma
agora que atingiu os 29 diz que já não pode deixar para depois que os cremes de rosto contenham FPS - Factor de Proteção Solar
duas
como lhe contei que notei o meu primeiro cabelo branco aos 29, diz que a partir de hoje vai inspecionar a cabeleira diariamente
E pronto, embora lá ao post repescado, o qual, tal como o que escolhi para o rico filho, é de quando ela tinha 20 anos:
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A rica filha passou um dia desta semana comigo. Diz que já não se lembrava como era estar na loja (nota actual: leia-se velho estaminé), que é muito divertido aquilo ali e que lhe dá vontade de falar sozinha porque há coisas giras.
Vai ver a avó mas antes telefonou, e enquanto digitou o número lembrou que o sabe de cor desde os quatro anos (já morámos naquela casa, a bem dizer a rica filha nasceu lá).
– Se eu me perdesse saberiam a quem me entregar. Não era uma criança adorável, mãe? - Perguntou ela, brincalhona.
– Eras, claro.
⸻
Umas horas depois entrou um cliente que queria comprar «ratoeiras para ratos, que aqueles filhos da puta andam por lá a comer, os cabrões». Depois foi ainda um pouquito exaustivo perguntando o preço uma data de vezes, a seguir a cada preço que eu dizia voltava à mesma ladainha.
Quando ele saiu, virei-me para a rica filha:
- Estás a ver porque é que eu tenho sempre coisas para escrever?
- Sim, mãe, estou a ver porque é que tens cento e tal posts por mês...
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Almoçámos e depois foi comigo passear.
- Ah, este prédio está tão bonito, mãe!
- Pois está, ainda há pessoas que fazem coisas giras...
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Descansámos num banco de jardim.
- Estás a ver aquela janelinha ali com umas grades?
Olhou na direção que eu apontava com o dedo.
- Sim.
- Daqui a pouco vais estar a espreitar de lá e a ver isto aqui.
- Sério?!
- Sério.
Caminhámos para lá, tinha de entregar um recibo num cliente. Entrámos no prédio em questão, atravessámos o hall e subimos um lance de escadas:
- Espreita aí.
Dito e feito!
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Na livraria percorremos as bancas em busca de nada. Reparei num livro (de que não recordo o nome) que me pareceu muito semelhante à familiar escrita de blogger. Referi isso mesmo não sem uma ponta de inveja na voz, que hoje só não publica a porcaria dum livro quem não quer. E olhem só o conselho dela:
- Mãe, fazes assim: escreves duas ou três histórias pequenas e envias para algumas editoras, arriscas-te a ouvires ‘nãos’ mas ficam a conhecer a tua escrita, que o que tu fazes bem são crónicas… Mãe, desculpa, não estou a dizer que não escreves bem outras coisas, mas é que tu és cronista, e depois convidam-te para escreveres para um jornal!
10 setembro 2011
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
Sóis
'Sol a sol' diz o placar, cujo anúncio é o de sumos de garrafinha, e, em cores, era fortão. É um slogan que dá uma ideia, não só solar, como abrasadora.
A graça disto é que os pigmentos desvaneceram por conta do sol.
Foi até um momento poético, e não estou a ser irónica.
Primeira vez
Se há poiso onde pouso e olho como se de uma primeira vez se tratasse, é o sítio da árvore amarela. Au eva, vezes há em que atravesso a rua sem sequer me lembrar da dita, quando mais de olhá-la. Estou contente por ter percebido que sou capaz destes opostos.
Notificação
No muro de pedra, é quase sempre junto à seta desenhada que me sento. Aponta para a planta à janela, que é diferente da dos primeiros tempos destas notificações.
Nem de cor
Nem salteado
Não sei se já disse que o placar da praça mai linda de Lisboa não tem as horas ainda amanhadas. E nem os graus. Agora já disse e sei que disse.
O por-entre
Sinto que o alento mora no exterior – aparece, reforma, impulsiona e, a coragem, encomendo-a ao interior. Ambos me dizem do que sou capaz, lá isso é verdade.
Mesmo que não adiante nada ao que disse acima, tampouco remende, acrescento que confessar falta de coragem reduz e andar à procura de alento parece até bonito. Enfim, sempre por entre o parece-bem e a triste-figura, ando eu cá por dentro. Ressalvo: por dentro.
Lisboa, Lisboa
Nove e coiso, praça rainha quê, uma mulher passaeva... ai perdão, passeava a cadela, que estacou à esquina com a intenção de marcar território. E vai ela e puxa a trela, admoestando o bicho com se de pessoa se tratasse:
Aí não! Ai ai ai! Então a menina não sabe que não faz chichi aí? Não sabe?
Ao que parece, não...
Material cirúrgico
Lembrei-me que as máscaras tapam o nariz e assim nem se lhes nota o tamanho. De nada, ora essa.
Material cirúrgico
A vizinha Gislena diz que põe a máscara em cada saída à rua, que, se é para fazer, ela faz, que não custa nada. Ah, há vidas fáceis, afinal.
de manhã: lápis de cor
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
terça-feira, 1 de setembro de 2020
desvalorizar é mais do que não valorizar
desvalorizo o modo como escrevo (perante mim) e não valorizo o blogue (perante outros)
Lisboa, Lisboa
Calhou o diferente do tão comum: passar na avenida de Ceuta, mas ainda ser dia. Aproveitei para me aperceber dos cimos dos prédios, de noite só me apercebo dos baixos deles.
Setembro de trazer
Setembro traz aquilo de o dia ter que ir rapidamente para a noite, mesmo não querendo. Vem aí o Natal, é o que é.
É tudo não, tudo não.
Sei mais e melhor o que não fiz hoje, tal e qual como sei mais e melhor o que não sou. É tudo não, tudo não.
Lisboa, 1 de Setembro de 2020
No princípio é o verbo – notai-o em minúscula – regressar. Neste princípio, regressei ao trabalho. Regressei de regressar.
Querendo-se, Setembro entra igual a Agosto – a gosto.
Setembro... Como estará a árvore amarela? Fui lá vê-la e vi-a um bocadinho amarela. Ainda é só um bocadinho.
Vi também o nepalês da frutaria, ó:
trezentos e trinta gramas de uvas brancas
mil trezentos e quinze gramas de bananas
quatrocentos e quinze gramas de maçãs
seiscentos e oitenta gramas de pêssegos
#semfiltro2020 |
Restos de coleção
Nos arquivos do meu telefone há quatro fotos com semanas, o que, em questões da era moderna, as remete para o antiquário. Melhor: arquivo morto. Mas não morrerão, não sem antes as publicar no blogue.
A de cima foi tirada a bordo de um moliceiro, em Aveiro, em 1 de Agosto
A de baixo é fácil perceber onde é, acrescento a data: 3 de Agosto
Nenhuma das duas tem qualquer filtro
Depois há outras (abaixo), menos antigas, e que são cliques do mesmo lugar – Las Chapas -, sendo a de cima datada de 23 de Agosto e a de baixo de 24
Nota:
O Agosto de que falo neste post é o de 2020. De nada, ora essa, então que é lá isso, estou cá por mim, mas.
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