Vai a segunda quarentena na sua preparação e quis o destino que eu vivesse mais uma situação de balcão um tanto ou quanto sui generis. Telefonou o vizinho da frente, que não podia sair de casa devido a uma intervenção cirúrgica sofrida havia uns dias e havia todo aquele esquema a cumprir, se não me importava de falar com ele da janela, que queria uma coisa tal e tal, que mandava amostra pela janela, que eu tendo igual ou semelhante ele descia para recolher já com o montante previamente acordado e mais não sei o quê. E eu:
Ó senhor engenheiro, então não? Claro que sim!
E toda eu me preparei física e psicologicamente para viver a tal peculiaridade. Avistei-o da soleira da porta do estaminé, de telefone ao ouvido. Atravessei a rua, eu também com o telefone no ouvido e, antes que ele se lembrasse de jogar a amostra sem me ver e me aterrasse a dita no meio dos chamiços, avisei que me ia chegar para o lado e ele que pumba. E ele pumba. Depois seguiu-se o comum dos meus dias, mas quando debaixo do tecto do meu estaminé, não no meio da rua, id est: escrutino a amostra, reconheço-a e vou buscar igual. Só que esta ida, bem como toda a transação, para acontecer, foi preciso andar na rua. Sou portanto uma espécie de vendedora ambulante.
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