Ah, isto é que é um abuso, hã? Desculpem lá umas horas destas mas há coisas que uma pessoa fica parva. Quando a porta está aberta, a lingueta sai toda. Pronto, faz de conta que isto é a lingueta. Portanto, quando a porta está aberta, a chave está aqui, dá a volta aqui, a lingueta sai toda. Quando chega aqui, com a porta aberta, dá o resto da volta e sai. A chave está aqui, não é? Dá a volta até aqui e sai toda, toda para fora, e com a porta aberta, e dá o resto da volta para se tirar a chave para fora. Depois, quando a porta está fechada, portanto, ela dá a volta daqui até aqui, onde a lingueta sai toda mas depois esta volta já não dá. Há coisas que uma pessoa... Agora o seu colega está ali a dizer que tem ali uma coisinha e por isso é que não passa bem. Mas o que é certo é que a lingueta, a parte que sai para fora quando a porta está aberta, e a volta que a chave dá, é a mesma que dá quando entra lá dentro. Depois não dá é para cima, mas quando ela está fora e que dá o resto, a outra meia volta, a lingueta já não sai mais. Que raio. Puxa! Quer dizer, estou a gastar um dinheirão, porque isto, esta senhora aqui de cima diz que ir lá abrir é que não. Já pus cadeado. Pelos vistos nunca desapareceu nada da arrecadação, o que é certo já duas vezes que está no trinco e à terceira vez deixou a porta mesmo aberta, nem a, nem a... Deixou assim aberta. Um bocadinho. Como quem diz, é a última vez que venho cá. Fui gastar um dinheirão e agora... Não dá. Ai mãe do céu, pá! É que ela tem uns netinhos... Se calhar nem resolvem nada. Se calhar estou a gastar um dinheirão e se calhar nem resolvem nada. Vamos lá a ver. Mas há coisas terríveis, quer dizer, ele por exemplo pôs aquilo e ficou tão bem, a seguir, vai para fechar a porta, cá fora, sai... Enfim. Que coisa mais esquisita. É mesmo muito esquisito, palavra de honra. É que se disséssemos assim: a lingueta depois, quando dá esta outra meia volta, sai mais, mas não, ela faz de conta que está aqui, e a lingueta já saiu toda! Só não dá é meia volta para cá para tirarmos a chave, mas a lingueta já não mexe mais. Uma vez cá fora a lingueta já não mexe mais. Ora se me deixa cá fora quando está a porta aberta, então quando estou de dentro o melhor é não mexer, não é? Enfim.
Ao depois, a carismática cliente revelou, outrossim, que aquilo estando acabado ia comer uma tigela de sopa para não estar de estômago vazio quando tomasse um comprimido para a dor de cabeça. Nota que não ponho em rodapé porque a quero aqui: sim, o texto está tal e qual foi dito, eu tinha o gravador ligado, contudo, sem que a intenção primária fosse a de gravar o discurso da fogosa senhora, porém, já que ficou, pois que fique.
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