domingo, 1 de agosto de 2021

um rol de esquecidos, outro de lembrados

De repente fui dar com esquecimentos num dos bolsos da mala de viagem que usei nestas férias. Não que houvesse neste rol de tudo um pouco, mas, pá, vamos lá a ver, havia preservativos que terminavam a sua validade em dois mil e quinze. Pois. Outros em dois mil e dezassete. Hum. Havia também cartões de visita das férias de dois mil e treze, quando fomos a Itália. Um é de um Restaurant et Hôtel em Bourg-Madame, outro é de um Hotel em Roma e o outro é de um Ristorante em Trecchina. Tudo lugares onde pernoitei e, ou, comi. Gosto de lembranças, de repescas e de cópias que de mim faço, mormente se já com alguma idade e, ou, em mais, se por mero acaso lhes chego, como é o caso destes textos que escrevi há qu' anos (oito!) e que, mesmo assim, me revejo neles. Gosto desta legitimidade, pronto.

Dormimos aqui. Bourg-Madame é uma vila francesa junto aos Pirenéus. Linda. Simplesmente magnífica. Aqui faz um frio terrível, estamos indubitavelmente na serra. Frio dentro do quarto, frio no corredor, frio na rua. Está frio, sim senhores, mas o dia é claramente um dia de verão, há sol aberto e total ausência de nuvens. Comemos piza. Sim, comi piza em França. Piza. Pizza. Será piza ou pizza? É piza. O moço trouxe três pizas e não duas, como tínhamos pedido. Custámos a perceber-nos, ele e nós… Ufa. Mas pudemos levar o resto da piza connosco, mas até essa parte foi complicada de tratar, como se diz caixa em francês? Ufa, ufa. Há internet neste quartinho, ontem ainda me lembrei de me pôr para aqui a escrever e publicar no blogue as primeiras impressões da viagem, mas entretanto pus a ideia de lado, principalmente por preguiça, se bem que fazendo a escrita em direto a mesma se apresentaria mais genuína e ademais, se assim procedesse, seria uma primeira experiência, pois em dias ociosos sempre me debrucei diferidamente sobre o blogue. Foi em Bourg-Madame que descobri a má qualidade das escovas de dentes compradas para a viagem. A pelugem é demasiado rija, a base que a sustém é larga, tão larga que quase me não cabe na boca, o cabo é curtíssimo. Lavar os dentes é uma saga, desde então. 4|09|2013

Estamos em Roma; está-se em Roma; muito gosto eu de repetições. Restaurante típico, acho eu, muito gosto eu de suposições. Vamos comer sandes. Eu, em Roma, a comer sandes. Mas são típicas, ao menos isso. São compostas com queijos italianos (como não, né?!) e peperoni e prociutto e zucca e acciugui. (pimentos; presunto; abóbora; anchovas) Tirei fotos ao moço a fazer uma sandes e ele espantou-se com o flash, sorrindo timidamente, se estivesse mais perto creio que lhe tinha visto rubor nas faces, vai daí esqueço-me e desbobino num italiano fraco e a raspar inevitavelmente o português que só tinha captado as mãos e o balcão e gesticulei de modo a querer dizer que não se preocupasse, ainda quis gesticular de modo a perguntar se ele queria que apagasse a foto mas ele já tinha concentrado toda a sua atenção no trabalho. Deixei estar a foto. É minha. Roma… Juro que nunca me ocorreu que um dia o cabeçalho do meu diário ostentaria a cidade… ROMA. Esta cidade é linda, imensa, desafogada e incrivelmente histórica, cheia de simbolismos valiosos, duma riqueza arquitetónica de cortar a respiração, apesar do desafogo, quero eu dizer que as ruas são largas, bem como os passeios e as estradas, portanto: ainda que metrópole, não há assim tanta gente aos molhos. Não andámos de metro, lamentavelmente. Provámos um cappuccino soberbo, o café expresso aqui é do melhor, qual lugar da musa qual quê, nem saudades... Ao pequeno-almoço há croissants, incrivelmente, pois é. De novo o café expresso. Em Portugal pede-se uma bica italiana caso se queira um café curto. Pois bem... Aqui a bica é mesmo italiana, curtíssima e é cá duma pujança, pá... Grande bomba. Vi o Coliseu ao longe e vi o Coliseu lá dentro e também visitei longamente o Palatino, só por dizer que… A minha máquina fotográfica não captou um número elevado de fotos, as últimas duzentas, as fotos todas do Palatino foram atrozmente arrancadas da memória do cartão, por qualquer motivo o computador não as leu. Fiquei desolada, estariam algumas muito bonitas, tenho a certeza, pois aquele lugar é glorioso. Resta ainda dizer que as árvores de Roma têm os troncos altíssimos e a copa achatada, a rica filha diz que parecem brócolos, e não está errada, parecem mesmo. Não visitei o Vaticano. Não vi o Papa. Não fui a Roma para vê-lo. Não consegui perceber se efetivamente todos os caminhos vão dar a Roma. Não tenho memória do que comi aos jantares mas tenho memória dum almoço numa ostearia, que é um restaurante simples e sem salamaleques dispensáveis, mas onde se come bem e barato. 6|09|2013

Trecchina. Em Trecchina, encontrámos finalmente um restaurante típico. Digo típico por ser como o que estava no meu imaginário de restaurante tipicamente italiano. Uma decoração simples mas cuidada, asseio, benevolência e prestabilidade por parte de quem serve. Comi 'pasta fresca fatto di mattina' com 'funghi' (massa fresca, feita de manhã com cogumelos), regada com um molho que já não lembro o nome mas que era apaladado, o que na verdade é o que mais importa. O casal que nos serviu mais pareciam anfitriões que outra coisa, o senhor inclusivamente sentou-se ao pé de nós para nos percebermos todos. E percebemos. 10|09|2013

o primeiro trecho copiado de mim mesma deste post
os segundo e terceiro trechos copiados de mim mesma deste post

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