quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Os tios

Entrou uma cliente que questionou acerca de um dado artigo. No seguimento da conversa confessou que entrara ali nem só por isso mas porque:
«Esta loja era dos meus tios.»
Depois contou como recordava o espaço, que é precisamente como recordo, se bem que a carcaça do meu estaminé não tenha mudado assim tanto, o que mudou foi o recheio. Ora, recheio que se faz diferente, diferentes vistas proporcionará. Nas fundas prateleiras, nesses tempos idos, espreitavam rolos de flanela e de fazenda para vender a metro e, nos expositores, pendiam batas, camisas de dormir e peúgas, presas por alfinetes. As gavetas continham elásticos, cordões e linhas de alinhavar. Como é que sei isto? Porque comprei estes aviamentos algumas vezes e já na altura observava o mundo com interesse. Bom. Então. Ao presente temos nas nossas prateleiras desentupidores de canos, presença da velha guarda, e álcool isopropílico, aquisição recente; os expositores mostram discos para rebarbadora e brocas HSS e as gavetas guardam todo um mundo, desde argolas para cortinado a tesouras de poda, ou eléctrodos. Abraçadeiras. Limas. Alicates. Isto são só 'por exemplos', quisesse eu listar por completo o armazenamento geral e tinha posts até ao ano dois mil e sessenta e oito.

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