sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Lugar da musa

O moço que tira os cafés hoje estava todo penteadinho, deu-me a ideia que se tinha arranjado muito bem, andado de roda do esmero e do brio. Bom, a dada altura, por entre os meus rabiscos, eis que o vejo aproximar-se da minha mesa. Agarrou na louça suja, que eu não tinha sujado, já lá se encontrava quando me sentei, eu até podia ter escolhido uma mesa vaga de louça suja, mas é que gosto daquela, é bem no meio, iluminada que se farta, quem diria eu a gostar de estar no meio duma sala grande, ah que estranho e tal, mas pronto, a vida, e até as pessoas, são cheios de surpresas. Ele exclamou, à laia de desculpa, assim: 'ah, a senhora aqui com este lixo todo, nem tinha reparado, desculpe lá'. Disse-lhe que não fazia mal nenhum, nem tentei pôr um ar de pessoa fixe nem nada, a cara triste com que estava foi a cara triste com que fiquei quando lhe disse que não tinha mal nenhum isso do lixo, ora essa. Depois pus-me para ali a folhear um livro que trata e retrata o chocolate e afins, copiei uma receita, apontando sucintamente os ingredientes, e desde já previno a minha plateia que se vier a confecionar o dito bolo coloco os créditos no blogue. Segunda-feira já tenho portanto que fazer: registar num papelinho qualquer o nome da autora, que é portuguesa, e o nome da obra. Não, não trouxe o livro do momento, 'O Monte dos Vendavais', Emily Brontë. Não toco no livro há uma semana. Essa não é a pior parte, a pior parte é não sentir saudades.

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