segunda-feira, 28 de março de 2016

Do verbo

É do verbo morrer que venho falar. Nunca percebi porque é que se é egoísta quando se confessa a vontade de morrer. Mas porquê? Então não é suposto a gente desabafar? Então e se a gente tem vontade de morrer e o desabafo liberta porque raio não se pode dizer? Para os pobres que nos rodeiam não sofrerem? Então e acham isso bem? Então não disseram que querem ajudar? Não estão lá para tudo? Pois, se calhar não. Ah, espera, se calhar é porque vocalizando uma vontade deste calibre torna-se um expor de ideias um bocado ridículo. Verdadeiro. Exequível. E vai que o sossego dos ouvintes jamais será recuperado. É isso? E depois há todo um rol de chavões: e porque há pessoas cancerosas e porque há criancinhas sem pais e porque há os sem-abrigo e os esfomeados e os desempregados e porque há pessoas metidas em guerras sem culpa disso. Aliás: todas as pessoas são desculpabilizadas pelas circunstâncias e se veem a braços com um rol de dificuldades desculpáveis. E eu. Eu continuo sem assunto. E bruta que eu sei lá.

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