quarta-feira, 23 de março de 2016

Inteligência

Há umas situações em que sou deveras inteligente, porém, outras há em que toda a inteligência se me abala. Pode dizer-se: é assim com toda a gente. E eu digo: pois é. Apesar de tudo o que já vivi nunca me achei diferente, ou então sempre refreei isso de ser diferente, o que se traduz numa certa cobardia, uma vez que o destaque me apavora e não é pouco. Mas eu sou uma mulher inteligente. Sou a mulher que observa, a das ilações acerca de tudo e de todos, mas retidas na memória por conta de a minha língua estar, não morta, mas extremamente cansada. Essa observação – sem conversação - causa-me sofrimento porque nem toda a gente é bué da fixe, portanto as ilações não são sempre porreiras, nem os interessados se interessam por quem não conversa. Ora eu estando ocupada a conversar, não sofreria e ainda havia a enormíssima vantagem de ser proclamada de inteligente. Porque se ia notar. Sentir. Crer.

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