Não me canso de escrever mas canso-me da exposição que o escrever me traz. Oh, a luta que é. É que eu escrevo principalmente acerca de mim, do que acontece comigo, das minhas coisas. Então e que tal dedicar-me à ficção...? Pois. Não. A ficção também traz exposição, se bem que em moldes diferentes. Já escrevi ficção e nunca abandonei o meu cerne, daí saber que há exposição aí também.
Durante anos achei-me estranha e nada criativa com a questão de não tender para criar histórias, procurando-as antes nas minhas puras e meras observações, ou seja: ficção não era comigo por sentir que me era impossível escrever acerca do que desconhecia. Contudo apercebi-me que nalguns textos exagerava um bocado e portanto inventava histórias.
E eis que, com tudo e por tanto, o que escrevia não deixava de se assemelhar a isso da ficção.
É assim ainda hoje, não tendo para esse estilo, não senhores, e hoje sei que escreva eu o que escrever, o sentimento com que o faço é meu. Esta conclusão não é minha, foi uma espécie de socorro que tive num dia em que vi uma entrevista a uma escritora (e só não lhe revelo o nome por já não ter a certeza quem é), onde ela, respondendo à pergunta (montes de cliché):
'Olhe lá, ó 'miga, então vamos lá a saber, você quando escreve está a mostrar e a contar coisas da sua vida?'
E ela respondeu algo assim:
«Nos meus romances os factos não são autobiográficos mas os sentimentos são meus.»
E foi assim que aprendi mais uma. Um grande bem-haja à pessoa que tanto me ajudou.
Sem comentários:
Enviar um comentário