quinta-feira, 17 de março de 2016

Praça

Começo pelo fim. Ah, o banco hater vazio, que bom. A caixinha de cartão que ontem amachuquei com a ponta do chapéu-de-chuva permanece no chão, provando a ausência de ventos fortes nas últimas vinte e quatro horas. Desenrolo o cachecol e sinto o sol no pescoço. Começo a ficar cheia de calor. Tiro o casaco? Não tiro o casaco? Não tiro. Descalço-me. Pouso os pés vestidos de meias azuis-claras, feias que eu sei lá, nos sapatos, amachucando-os. Todos os dias amachuco alguma coisa, vai-se a ver é isso. Agora vou daqui mas não sei se suba a avenida mais quente de Lisboa ou se me meta pela que tanto refresca no verão e tanto arrefece no inverno. Gostava que se percebesse a diferença entre refrescar e arrefecer sem ter que me alongar em explicações. Eu adoro explicar coisinhas mas por ora não me apetece. Que sono. Que poesia. Estou toda trocada porque fiz o percurso ao contrário do meu costume. É para fazer trabalhar a cabeça. Não é nada. Era para ver a árvore amarela, procurar folhinhas muito verdinhas despontando de seus ramos, quiçá falar um pouco dela e tal. Mas não. Então e a poesia...?

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