Li. Até entonteci de felicidade. À hora do lachinho da manhã, aquele das uvas, li meio conto do livro de estar no estaminé – Assobiar em público, Jacinto Lucas Pires; e o conto: Dlim dlão – toda muito compenetrada e não sei quê, e, na pausa de pós almoço, dei conta do restante com uma atenção que há anos não tinha. Julgo que este despertar se deveu ao tema do conto, é uma cena descrita sem mimimis, um bocado crua, tipo assim de linhas direitas, vá, passada num café. Olhem, já sei como explicar, é uma cena contada como se vista com um só olho, que há tempo vi um vídeo explicando que a gente vendo com um só olho, que é, por exemplo, como vêem as máquinas fotográficas, as pessoas ficam desengraçadas, salobras, e há qualquer coisa (vou ter que rever o vídeo para explicar isto melhor) no par de olhos humanos que consegue simetria, e simetria é beleza, muito embora ninguém queira saber disso para nada, ai o belo é a diferença, ai eu sou como sou, ai que graça teria dois lados de uma cara iguais iguais iguais e blás e mais blás, sendo que no vídeo foi também exposto ser comum gostarmos do reflexo que vemos no espelho e não gostarmos de uma foto que tenhamos tirado com a mesma expressão, pontos de luz, sombreados e demais ideias. Ora é mais ou menos isto, a cena é crua e algo rude – descrita com um só olho - mas eu, com o apoio das minhas experiências em cafés (não sei se se recordam, mas vá: vulgarmente chamo-lhes de 'lugar da musa') – usei os olhos de imaginar e - identifiquei-me com a cena. Não é que pareça que tenha sido eu a escrever o conto, calma lá, não é nada disso, é que me revejo e a interpretação é minha, que essa ninguém ma tira, era o que faltava. Ai porra que não se percebe nada. Bom. Até amanha.
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