Nos últimos tempos não tenho usado tão amiúde como dantes o meu bloquinho rudimentar, de maneiras que fui dar com dois apontamentos do tempo em que almoçava no restaurante do Zé, o que não ocorre na minha vida vai para três vezes quinze dias. O parco uso que tenho dado ao bloquinho não vem do desprezo, vem da preterição (porra, que trabalheira para encontrar este vernáculo! eu bem sabia que havendo preferência haveria de haver preterição [e há]), é que agora dá-me na cabeça e junto o bloquinho ao fim das folhas do caderno e ando assim, com os dois mais juntinhos do que nunca, partilhando o grampo, como se cama de casal fosse, e em dias de Inverno. Ai. Mas, e, tenho tido preferência (cá está ela!) pelo caderno. Entretanto relembrei esses apontamentos uma catrefada de vezes mas tenho adiado o estendê-los e mais não adio, ficando já neste post.
desenvolvimento do apontamento1
Um homem, enquanto mastigava, fazia beicinho. Tentei perceber se chorava, ou se era assim e pronto. Percebi-lhe os olhos lacrimejantes, quiçá afinal, né, atão, mas concluí que não, era feitio, tanto de cara como de presença.
desenvolvimento do apontamento2
Uma mulher pediu uma dose de batatas fritas, isso percebi eu, só não percebi foi o segundo item do pedido, mas fiquei encantada com o gesto que o acompanhou – polegar e indicar juntinhos, como que a fazer um pequenino pedido, absurdo, porém intenso. Quase uma prece, vá. Uma daquelas preces afinal imprópria, oh!, de loucura insana, ah! Percebi depois que era o ketchup, o que ela queria, afinal nada de mais.
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