Em criança (tinha eu uns sete anos , ah ah, não tinha nada, tinha mais, mas não muito mais, uns nove, para aí) em certa altura exprimi-me poeticamente no modo escrito, o que levou a minha professora ao sorriso e ao deslumbre. Infelizmente não me lembro do tema que expunha, tampouco me lembro se era exercício ou redação, o que sei é que quando quis exprimir umas botas que ficavam largas a uma menina, avancei com a frase: «as botas dançavam nas pernas da menina». Não sei se realmente inventei esta poesia, se copiei dalgum livro que tenha lido entretanto, a memória é seletiva, a gente retém o que quer e o que a gente quer é o melhor, principalmente quando esse melhor faz de nós pessoas fantásticas.
Entretanto, tenho andado a vasculhar a memória no sentido de deslindar isto tudo, muito embora não se me cheguem certezas nenhumas e ainda assim as registe já a seguir.
A expressão saltou-me dos dedos em resposta a um questionário, não numa redação. Havia no texto um enunciado qualquer que me levou a uma menina com umas botas tão largueironas que quando ela andava o cano lhe dançava nas pernas. A dança era o movimento hirto (as botas) oferecido pelo movimento articulatório (os pés). Ou seja: incrivelmente, as botas é que dançavam, não a menina.
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